quarta-feira, agosto 30, 2006

Aos actores da vida...

Hoje li este poema que encontrei num blog cheio de palavras que querem dizer coisas ...
Este poema impressionou-me...

Conheci um homem que tem várias mulheres no pensamento.
Era um homem pequeno e raro, desses que a morte há-de levar por interesse.
Conheci-o perto do mar, porque convém a qualquer actor um bom cenário.
Enquanto as ondas batiam nos olhos dele, o sal foi temperando as palavras em forma de verdades.
Era um homem que mentia por um orgasmo.
Escrevia poemas e beijava tão bem como escrevia.
Quando me tocava, o mar entrava em mim e nunca mais fugia das mãos dele.
Era um homem dotado, bastava um verso para navegar uma mulher.
Na verdade, era um barco, pois só um actor comete um naufrágio em cada praia...

Alice ( que deve ser uma mulher "muito Grande" )

O quadro é do grande DALI

A todos os gatos e à minha gata em especial

Gato
(Alexandre O'Neill)

Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

A foto mais parecida que encontrei com a minha Julieta

Tenho uma gata chamada Julieta, está comigo desde bébé por isso é muito parecida comigo, nas qualidades e nos defeitos.
É vaidosa, teimosa, desobediente,ciumenta, egoista, faz birras e amua, é preguiçosa e dorminhoca ... mas é esperta, inteligente, faz asneiras e tenta disfarçar com uma graça especial que é só dela, é matreira de uma forma tão cómica que é impossivel não rir, é doce e meiga, é amiga e sabe demonstrar que o é, adora mimos e companhia, é independente e por vezes quer que a deixem sozinha, adora fiambre, sol, espreitar à janela, ver-me tomar banho, adora as minhas malas, a minha roupa, as flores de todas as cores que custumo usar ao peito, as joias e a bijuteria, acha que o sofá pequeno é dela e só gosta de o partilhar com alguns , muito poucos, por sorte eu e o Miguel fazemos parte desse grupo restrito, gosta mais de homens que de mulheres, gosta de brincadeira quando não tem sono, gosta de se esconder e que andem à procura dela, gosta que falem dela e a façam sentir que é importante.
A minha gata tem a melhor das qualidades: Adora-me
E eu adoro-a e não consigo imaginar como será estar sem a sua presença.
A minha gata faz-me sorrir só de a abservar...
Comove-me quando me olha nos olhos e sinto o quanto gosta de mim...
A minha gata é sábia
A minha gata sabe voar
A minha gata um dia pode ter de me ensinar que na vida não podemos nunca parar de voar...
Para a Julieta um pouquinho desse livro cheio de encanto de Luis Sepúlveda chamado: "HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR"

"- Voa! – miou Zorbas estendendo uma pata e tocando-lhe ao de leve. Ditosa desapareceu da sua vista, e o humano e o gato temeram o pior. Caíra como uma pedra. Com a respiração em suspenso assomaram as cabeças por cima do varandim, e viram-na então batendo as asas, sobrevoando o parque de estacionamento, e depois seguiram-lhe o voo até às alturas, até mais para além do cata-vento de ouro que coroava a singular beleza de São Miguel. Ditosa voava solitária na noite de Hamburgo. Afastava-se batendo as asas energicamente até se elevar sobre as gruas do porto, sobre os mastros dos barcos, e depois regressava planando, rodando uma e outra vez em torno do campanário da igreja.- Estou a voar! Zorbas! Sei voar! – grasnava ela, eufórica, lá da vastidão do céu cinzento.O humano acariciou o lombo do gato.- Bem, gato, conseguimos – disse ele suspirando.- Sim, à beira do vazio compreendeu o mais importante – miou Zorbas.- Ah, sim? E o que é que ela compreendeu? – perguntou o humano.- Que só voa quem se atreve a fazê-lo – miou Zorbas.- Suponho que agora te estorva a minha companhia. Espero-te lá em baixo – despediu-se o humano. Zorbas permaneceu ali a contemplá-la, até que não soube se foram as gotas de chuva ou as lágrimas que lhe embaciaram os olhos amarelos de gato grande, preto e gordo, de gato bom, de gato nobre, de gato do porto.

"HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR"

Luis Sepúlveda


terça-feira, agosto 29, 2006

Ao puto meu irmão

Estou a adorar este espaço...
Verdade que até agora o tenho dedicado aqueles que gosto
e que importam na minha vida
Até agora este espaço é composto de declarações de amor
de amizade, de carinho de paixão
A homenagem aos "meus poetas"
O contributo dos "meus pintores"
As palavras sábias de escritores, filósofos, pensadores, ou simplesmente pessoas
tem tambem dado alma a este espaço.

Por isto , e nesta sequência não posso deixar de falar no meu irmão, de alma e sangue
que amo e significa tanto para mim...
Há uniões que existem para sempre, eu vivi sempre com o meu irmão , mas encontrei-o verdadeiramente já tarde. E depois deste encontro considero que ai sim nos tornamos verdadeiros irmãos. Foi quando os corações e as almas se juntaram ao sangue.
E ao alcool...

Eu conheci e encontrei o meu irmão quando ele era um puto e eu já mais crescidinha o apresentei a um sitio chamado Lagos ( que desde então ganhou tanto significado para nós dois) , por tudo o que trocamos e demos um ao outro nessas noites e nesses dias, vagueando por essas ruas, precorrendo os bares, entre copos e patuscasdas. Curando as ressacas olhando o mar, comendo ameijoas e conversando, conversando, ou simplesmente dando as mãos em silêncio.
Eu era mais crescidinha e ele um puto,
Mas querem saber
O puto tomou conta de mim
Aprendeu a fazer-me sorrir
Admirou-me como ninguem tinha admirado até então
O puto entendeu-me e gostou de mim
O puto riu comigo e limpou as minhas lágrimas
O puto até me cantou canções de embalar

e me ajudou a dormecer
Este puto foi uma descoberta maravilhosa
e ainda por cima é O meu irmão



Lagos

Onde andas tu agora, oh puto meu irmão?
Para ti estas palavras em poema:
Para ser grande, sê inteiro: nada

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis, Odes
Urgentemente

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade

Em resposta á tua carta de amor : Os meus seis sentidos ...

(que nós as mulheres, temos mais um)


O meu amor escreveu-me atravez das palavras de Alvaro Campos uma carta de amor...
Foi a sua forma de me oferecer um presente pela manhã,
de me dizer que me ama...
e eu senti-me amada...
vou retribuir com palavras de Almeida Garret.
Amo-te muito e obrigado por esta manhã...
Os cinco sentidos

São belas - bem o sei, essas estrelas
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho amor, olho para elas;
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!

Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será; mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!

Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste.
Sei... não sinto: minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!

Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos,
E só de ti - de ti!

Macia - deve a relva luzidia
Do leito - se por certo em que me deito;
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!

A ti! ai, a ti só os meus sentidos
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E quando venha a morte,
Será morrer por ti.

Almeida Garrett, Folhas Caídas

Para mim do Miguel

Todas as Cartas de Amor são Ridículas


Todas as cartas de amor são Ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras, Ridículas.
As cartas de amor, se há amor, Têm de ser Ridículas.
Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram Cartas de amor É que são Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia Sem dar por isso Cartas de amor Ridículas.
A verdade é que hoje As minhas memórias Dessas cartas de amor É que são Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas, Como os sentimentos esdrúxulos, São naturalmente Ridículas.)
Álvaro de Campos

segunda-feira, agosto 28, 2006

Para a Vanda de novo ...

Não te peço nada amiga
apenas te vou dar
uma mão cheia de amizade

e mais um poema que adoro:
Para um amigo tenho sempre um relógio

Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

António Ramos Rosa, Viagem Através duma Nebulosa (1960)

A minha amiga sente assim...

Amiga querida,
Não me peças inspiração nesta altura da minha vida,
não me peças sorrisos que dos meus lábios não saem,
pede-me só que encontre pois nunca estive tão perdida.
De rir sempre gostei, celebrar a vida adorei, mas não mo peças agora,
que minha alma se esvai e o meu coração chora.
Sempre amar era assim, perdidamente, ele ser alma e sangue e vida em mim e dizê-lo cantando a toda a gente...
Também não me peças para mais chorar,
pois já meus olhos me magoam, já o espelho de mim desvia o olhar, até as canções já soam a um constante lamuriar
Não tenho mais força amiga,sinto-me a fraquejar
sinto-me a morrer aos poucos
a minha vida, o meu sol a escapar
eu nunca quis esta briga
nunca quis guerrear,
ao meu amor me entreguei ainda era bem, bem rapariga"ingénua" dirão,
bem sei, aquele tremor na barriga, aquele brilhozinho nos olhos,
aquele peito a saltar...
Romântica, tola, terei sido, não sei
sinto-me mais só do que sozinha
mais escrava que rainha
mais longe do sal da vida
cada vez mais perdida neste caminho que não traçei
A minha vida também é o meu amor...

O meu caminho na vida ...

Para onde me dirijo eu?
Em que sentido é a minha caminhada?
Qual o meu objectivo?
Antes de te conhecer amor, caminhava para ti... à tua procura!
Agora que estou contigo, caminho para o mundo
E faço esta caminhada contigo ao meu lado...
Vivo...
Vivemos...
Bebemos juntos a vida...
Porque esse é o verdadeiro objectivo da vida:
VIVER
Então a pergunta agora é?
Para onde nos dirigimos?
Em que sentido é a nossa caminhada?
Para o mundo...
para viver
Que melhor destino se pode ter senão encontar a nossa alma gémea no mundo
e juntos viver a própria VIDA ...
Sei que já não estou perdida...
Porque te encontrei e porque juntos temos um destino
VIVER.


Quando Alice no país das maravilhas estava perdida na floresta,
perguntou ao gato qual o melhor caminho para sair dali,
O gato resrespondeeu-lhe: Para onde queres ir?
E ela respondeu: Para qualquer lugar
"Mas... para ir para qualquer lugar qualquer caminho serve", disse o gato


Eu não quero ir para qualquer lugar
quero ir para o melhor lugar do mundo:o mundo
Não quero ir com qualquer companhia,
quero ir com a melhor companhia: o meu amor
Não quero ir fazer qualquer coisa
Quero ir cumprir o unico objectivo da vida: Viver


Para ti meu amor, uma musica que ambos adoramos...
Porque por pior que tudo pareça ás vezes
What a Wonderful word!
Que maravilha é o mundo!
Que bom é estarmos vivos!
Que bom é estarmos juntos

What a wonderful world

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself what a wonderful world.
I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself what a wonderful world.
The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands saying how do you do
They're really saying I love you.
I hear babies crying,
I watch them grow
They'll learn much more than I'll never know
And I think to myself what a wonderful world
Yes I think to myself what a wonderful world.

Louis Armstrong




Na multidão do mundo
Estamos eu e tu
Juntos
Na vida
A viver...

a minha vida é o meu amor

Desde que surgiste na minha vida, tornou-se impossível para mim imaginar a vida sem a tua presença constante.
Quando não estas por perto vêm-me uma profunda sensação de vazio, um estranho sentimento de vácuo, de total desorientação.
Sem ti falta-me o chão, falta-me a segurança que me transmites através de um simples sorriso de concordância ou consentimento, falta-me sempre a certeza de estar a fazer o mais correcto ou o melhor.
Sem ti também me falta o céu e os sonhos. É da tua presença que me vem a inspiração para projectar o futuro ou mesmo a força para ultrapassar as dificuldades quotidianas.
Como dizia o poeta “a minha vida é o meu amor”
É por ele que eu procuro fazer-me melhor a cada dia, é por ele que eu me torno uma pessoa mais carinhosa e gentil, e é nele que meus pulmões encontram a força para respirar e me manter vivo
O meu amor é alguém especialmente maravilhoso. É ela quem mais me admira as virtudes e quem mais compreende os pecados, vícios e manias que carrego, por ser quem sou e como sou.
O meu amor reconhece as nossas afinidades e respeita as nossas diferenças. Traz-me calma e paz. Toca-me a alma com doçura e generosidade.
A minha vida é o meu amor. E o meu amor és tu.



Era lindo ser sempre assim.

em resposta ao teu amor

Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandeza.
A dor não tem significado quando ma roubam as
árvores,
as ágatas, as aguas.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os idolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas.


Joaquim Pessoa

sexta-feira, agosto 25, 2006

Para o meu amor

O fim de semana está a chegar e com ele 48 horas com o meu amor...
Nada é melhor que estarmos juntos...
Nada é melhor que nós dois e nós dois e o mundo
É bom ter o olhar, o toque, o riso, a voz
É bom dar as mãos, trocar um beijo, sentir uma caricia
Sabe bem o meu amor...
Sabe bem estar juntos e brincar com o tempo
Sabe bem ser amante do meu amor
Sabe bem amar
Sabe bem o meu amor... o meu amor sabe a mar

The woman and the Roses
By Chagall

Só as tuas mãos trazem os frutos


Só as tuas mãos trazem os frutos.
Só elas despem a mágoa
destes olhos, choupos meus,
carregados de sombra e rasos de água.

Só elas são
estrelas penduradas nos meus dedos.
- Ó mãos da minha alma,
flores abertas aos meus segredos.

Eugénio de Andrade,
As mãos e os frutos

Poema para a Vanda

Quis escolher um poema para a minha amiga Vanda
Quis um poema simples ...
Quis um poema que mostrasse de forma simples este simples sentimento:
Gosto de ti amiga
Quis um poema tão simples que simplesmente a fizesse sorrir
Quis um poema simples para dizer que viver é simples se vivermos simplesmente...
Escolhi este: não sei se é simples, mas sei que é cheio de simples vontades dificeis de conseguir senão e apenas simplesmente



Matisse
Nu Bleu II - 1952


Livrai-me, Senhor,
De tudo o que for
Vazio de amor.

Que nunca me espere
Quem bem me não quer
(Homem ou mulher).

Livrai-me também
De quem me detém
E graça não tem,

E mais de quem não
Possui nem um grão
De imaginação.

Poeta: Carlos Queiroz (1907-1949)



beijos amo-te

quinta-feira, agosto 24, 2006

Ruy Belo tambem escreveu para mim...

Ruy Belo

«Escrevo como vivo, como amo, destruindo-me. Suicido-me nas palavras.»

fotografia de Teresa Belo

Estudos de Direito, iniciados em Coimbra e concluídos em Lisboa. Entra em 1951 para a Opus Dei, que abandonará mais tarde. Doutora-se em Direito Canónico, em Roma, regressando a Lisboa em 1958. Tira o curso de Filologia Românica entre 1961 e 1967. Em 1971 vai para Madrid como leitor de Português, regressando em 1977 para dar aulas no ensino secundário no ano que precede a sua morte. Foi chefe da redacção da revista Rumo. Ruy Belo traz à poesia portuguesa uma respiração rítmica que, mais do que da inspiração bíblica (a forma do salmo ou do versículo), visível no seu primeiro livro e, subterraneamente, nos seguintes, lhe vem do pano de fundo "filosófico" à luz do qual se projecta o universo imaginário do poeta. Não se trata de filosofia no sentido abstracto, teórico, do termo, mas na linha de uma fenomenologia que determina a passagem de cada dado particular de existência, culminando com o próprio facto da condição humana do poeta - que desse modo se vai expor até ao limite "dramático", ou trágico, da sua vida -, a sintoma de um absoluto que as palavras procuram traduzir. Daqui decorre que tanto se possa falar do jogo do pião, de heróis do efémero real (José Maria Nicolau, Marilyn Monroe) ou mítico (Billy the Kid), como de pintura, da passagem das estações, do amor e da morte. Todos estes temas são, finalmente, a expressão de um relacionamento único, na sua natureza, do poeta com o tempo e com a linguagem que o procura exorcizar, no que ele tem de relativo, conferindo ao ser essa duração - e dureza - da pedra (da estátua) susceptível de um desafio ao destino, emblematizado, entre outros, no exemplo de Pedro e Inês de A Margem da Alegria.

Já concluiram que gosto muito de poesia, tambem já devem ter percebido que gosto particularmente de Ruy Belo, vou com toda a certeza transcrever muitos poemas dele para este blog, e imagino que vá falar muito sobre ele e teçer-lhe os maiores elogios...

O meu nome é Helena Isabel, muitos amigos me tratam por Helena, Lenita e.t.c. e não por Isabel.

Acontece que hoje, ao mesmo tempo que descobri o poema dedicado a Marylin, descobri um dedicado a mim ( e a todas as Helenas, pronto...! ) .
O poema tem o nome : To helena e inventa um novo advérbio helenamente
Uau... como é que este poeta que eu adoro me faz sentir, depois de morto ( se é que se pode estar morto de facto na companhia da bela Marylin), que escreveu um dia para mim?
Outra boa surpresa hoje...
Cá vai...
To Helena
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
A maneira mais triste de se estar contente
a de estar mais sozinho em meio de mais gente
de mais tarde saber alguma coisa antecipadamente
Emotiva atitude de quem age friamente
inalterável forma de se ser sempre diferente
maneira mais complexa de viver mais simplesmente
de ser-se o mesmo sempre e ser surpreendente
de estar num sítio tanto mais se mais ausente
e mais ausente estar se mais presente
de mais perto se estar se mais distante
de sentir mais o frio em tempo quente
O modo mais saudável de se estar doente
de se ser verdadeiro e revelar-se que se mente
de mentir muito verdadeiramente
de dizer a verdade falsamente
de se mostrar profundo superficialmente
de ser-se o mais real sendo aparente
de menos agredir mais agressivamente
de ser-se singular se mais corrente
e mais contraditório quanto mais coerente
A via enviesada para ir-se em frente
a treda actuação de quem actua lealmente
e é tão impassível como comovente
O modo mais precário de ser mais permanente
de tentar tanto mais quanto menos se tente
de ser pacífico e ao mesmo tempo combatente
de estar mais no passado se mais no presente
de ser tão insensível como quem mais sente
de melhor se curvar se altivamentede
perder a cabeça mas serenamentede
tudo perdoar e todos justiçar dente por dente
de tanto desistir e de ser tão constante
de articular melhor sendo menos fluente
e fazer maior mal quando se está mais inocente
É sob aspecto frágil revelar-se resistente
é para interessar-se ser indiferente
Quando helena recusa é que consente
se tão pouco perdoa é por ser indulgente
baixa os olhos se quer ser insolente
Ninguém é tão inconscientemente consciente
tão inconsequentemente consequente
Se em tantos dons abunda é por ser indigente
e só convence assim por não ser muito convincente
e melhor fundamenta o mais insubsistente
Acabo de inventar um novo advérbio: helenamente
O mar a terra o fumo a pedra simultaneamente
Ruy Belo

Marylin e Ruy Belo

Para mim ela sempre foi a mulher mais bela do mundo, nenhuma outra tem ou teve o que ela tinha, ninguem nunca soube rir com tanta tristeza, ninguem nunca tentou encontrar um ombro amigo com um bambolear de ancas ou procurou tão desesperadamente o amor verdadeiro exibindo a extensão de um decote como se lá se encontrasse a extenção da alma , ninguem tão bela tinha tanta falta de jeito, ninguem era tão espontaneamente ridicula nos gestos estudados, ninguem foi tão amada e sentiu tão só ... a mulher mais linda do mundo era tambem a mais triste ...
Eu sou só mais uma estranha que permaneçe encantada por ela ...
Elton John escreveu-lhe uma musica, não gosto particularmente dele... e a musica é no mínimo mediocre quando dedicada a alguem com tamanha beleza.
Hoje descobri que aquele que escreveu alguns dos mais belos poemas do mundo, o grande e belo tambem já morto, Ruy Belo, a achava a mulher mais bela do mundo.
E escreveu para ela, e chamou-lhe A Mulher
Que tremendo elogio vindo de Ruy Belo ... quem sabe estão agora os dois ela cabeça deitada no ombro dele sentindo-se finalmente protegida, ele inebriado pelo Chanel nº 5 , inspirado por tanta beleza sussurrando-lhe poemas ao ouvido os dois felizes rindo de nós pobres seres terrenos ...
Fica aqui o poema e a homenagem aos dois : Ruy Belo e Marylin Monroe
Nunca imaginei poder juntar estes dois nomes e que ficasse tão... certo
Não cesso de me espantar com a vida e o mundo!

A MULHER

Morreu a mais bela mulher do mundo

tão bela que não só era assim bela

como mais que chamar-lhe marilyn

devíamos mas era reservar apenas para ela

o seco sóbrio simples nome de mulher

em vez de marilyn dizer mulher

Não havia no fundo em todo o mundo outra mulher

mas ingeriu demasiados barbitúricos

uma noite ao deitar-se quando se sentiu sozinha

ou suspeitou que tinha errado a vida

ela de quem a vida a bem dizer não era digna

e que exibia vida mesmo quando a suprimia

Não havia no mundo uma mulher mais bela

mas essa mulher um dia dispôs do direito

ao uso e ao abuso de ser bela

e decidiu de vez não mais o ser

nem doravante ser sequer mulher

O último dos rostos que mostrou era um rosto de dor

um rosto sem regresso mais que rosto mar

e toda a confusão e convulsão que nele possa caber

e toda a violência e voz que num restrito rosto

possa o máximo mar intensamente condensar

Tomou todos os tubos que tinha e não tinha

e disse à governanta não me acorde amanhã

estou cansada e necessito de dormir

estou cansada e é preciso eu descansar

Nunca ninguém foi tão amado como ela

nunca ninguém se viu envolto em semelhante escuridão

Era mulher era a mulher mais bela

mas não há coisa alguma que fazer se certo dia

a mão da solidão é pedra em nosso peito

Perto de marilyn havia aqueles comprimidos

seriam solução

sentiu na mão a mãe

estava tão sozinha que pensou que a não amavam

que todos afinal a utilizavam

que viam por trás dela a mais comum imagem dela

a cara o corpo de mulher que urge adjectivar

mesmo que seja bela o adjectivo a empregar

que em vez de ver um todo se decida dissecar

analisar partir multiplicar em partes

Toda a mulher que era se sentiu toda sozinha

julgou que a não amavam todo o tempo como que parou

quis ser até ao fim coisa que mexe coisa viva

um segundo bastou foi só estender a mão

e então o tempo sim foi coisa que passou.

Ruy Belo

A minha amiga Luizinha

É claro que informei os meus amigos que me tinha dado para criar este blog, os meus estados-de-alma estão em tudo relacionados com o que me rodeia e por isso em grande parte com os meus amigos ...
Uma amiga de longa data, desde os 17 anos, enviou-me este mail:
...consegues sempre surpreender-me pela positiva, querida amiga!
Vou participar do teu blogue...mal perceba como é que isso se faz...
Continuas riquissíma de sentimentos e emoções!
Beijinho grande da amiga
Luísa
Obrigada amiga, riquissima sou por ter tido a sorte de pessoas como tu se terem um dia cruzado na minha vida e por cá terem continuado.
É fantástico perceber que os verdadeiros amigos, mesmo quando os condicionalismos da vida fazem com que não possamos estar sempre juntos, de facto estão sempre lá (curiosamente tive esta conversa com o Miguel hoje ao pequeno almoço).
Esta minha amiga, que além de minha amiga é uma mulher incrivel, linda, inteligente, com um dos mais invulgares sentidos de humor que conheço, com a força de touro envolta no sorriso mais doce do mundo. Esta minha amiga por vezes é frágil e eu sempre soube isso... talvez por isso ainda sejamos amigas...
Ah, esta mulher graças ao seu invulgar sentido de humor e tendo em conta que o o meu tambem é meio estranho, é definitivamente das pessoas com mais capacidade de me fazer rir que conheço.
Tem frases que me vou lembrar e me vão fazer rir, tenho a certeza que a vida toda.
Já velhinha ainda me hei-de rir de coisas tuas Lu...
Viver é muita bom não é?
E é muita bom ter amigas como tu...
Obrigada, por tudo...
Nota: Já lhe expliquei como pode participar no blog por isso estou/estamos à espera...

quarta-feira, agosto 23, 2006



Esta não é a Minnie é a Carolina e a Carolina é o meu outro amor...

Para falar dela demorava horas...

Para dizer que gosto muito dela é apenas 1 minuto.

Para dizer que gosto dela tinha de juntar uma foto

Escolhi esta : Doce e vaidosa como só ela sabe ser

Eu rendi-me aos seus encantos... e acho que ela tambem gosta de mim... isso faz-me feliz ... simples, não é ? Eu gosto dela e ela gosta de mim ...

Esta sou eu... e a foto uma das minhas favoritas, neste caso por me terem apanhado entre o ridiculo e o cómico.
Situação:
Primeira vez na neve
Intenção não alcançada:
Fazer snowboard
Local:
Maribel
Razão da estranha indumentária:
Dar aos amigos o prazer de gozar com a proteção que tinha comprado na tentativa de minimizar a dor das constantes quedas
Resultado:
Nulo, continuei a cair, a doer cada vez mais e pior não melhoror a dor e piorou consideravelmente o visual...
Ainda assim:
As férias foram inesquecíveis
- pelas dores
- pelas peripécias
- pelos amigos
- pela beleza do local
- por um maravilhoso jantar com o meu amor... um fondue de queijo de fazer crescer agua na boca, regado com um verdadeiro nectar dos Deuses, uma sobremesa pecaminosa finalizada por uma aguardente de ervas da montanha que classificaria entre o alucinógeneo e o afrodisiaco, definitivamente uma refeição inspirada e muito inspirativa
Conclusão:
Perdi a vontade de fazer snowboard
Novo objectivo :
Fazer razoavelmente sky (aprendizagem já iniciada)
Resultado:
Aceitavel ... vou dando noticias...
Que aconteceu aos calções que uso na foto:
Nunca mais os usei, não quero usar mas tenho por eles um carinho especial, não me protejeram de nada nem da figura que fiz nesta foto que adoro.
A foto em baixo é o Miguel e a Martolas
O Miguel hoje contribuiu com este poema ... Adorei...

Quando os meus lábios tocarem em teu rosto, e minhas mãos percorrerem todo o teu corpo, Mergulharei nos mais profundos desejos de tua alma, e sentirás, dentro de ti todo o meu amor, neste momento seremos uma só pessoa, e tu verás que as nossas fantasias ganharão asas, e nos conduzirão a um universo só nosso.E como cometas em rota de colisão, nos encontrar-mos extasiados em extremo prazer, neste instante, o silêncio por fracções de segundo, será absoluto, sendo apenas vencido por gemidos e palavras sussurradas docemente, e nossos corpos como nascentes de rios embargados em suor deslizarão mansamente sobre os lençóis, em movimentos de carícia e cumplicidade.Então te beijarei com toda a intensidade do meu ser, olhando dentro dos teus olhos direi AMO-TE.

Quarta-feira, Agosto 23, 2006

AVISO

Só queria avisar que:

- Criei este blog para mim, para aqueles que gostam de mim, para aqueles que não gostam de mim, e confesso que não faço a minima ideia quem mais pode vir a ter interesse em ler isto.
- não me vou preocupar minimamente com o formato, com os erros ortográficos ou gramaticais , nem tão pouco com o que digo, excepto quando estiver na tal fase de não dizer o que me apetece...
- Se fizerem comentários maus vou tentar não me importar
- Se fizerem comentários bons vou adorar
- Se fizerem a chamada critica construtiva, prometo que vou tentar levar a sério...
- Se fizerem graçolas, prometo que vou tentar rir
Mas se ... se almas caridosas se derem ao trabalho de me ensinar coisas, de me dar a conhecer poemas, livros, artigos, escritos. Se me ofertarem opiniões, sugestões, conselhos, sei lá, tudo e mais alguma coisa que acrescente algo de mau ou bom ao que sou, algo que me faça deslumbar , espantar, entristecer, ficar alegre, rir, sorrir, entrar em furia, arrebatar, encantar, sonhar, ou algo que me irrite profundamente, que me faça pensar, mudar de opinião, ter de pedir desculpa, admitir que estava errada, algo que me torne maior, melhor e mais humilde, a esses prometo que de alguma forma vou tentar agradeçer...
Começo por agradecer a quem ler o que eu escrever ou o que eu decidir que deve fazer parte deste blog.
Miguel obrigada, sei que vais ser o 1º a ler.
Fica o meu obrigada e a minha declaração pública de amor...
Miguel amo-te
Isto tambem faz parte do aviso porque:
Aviso-vos que muito do que sou, sinto, penso, desejo, passa por este amor, porque este amor faz parte de mim...
AINDA BEM...
Quem achar ridiculo... estou-me nas tintas, paciência... é como as cartas de amor tem de ser ridiculas para serem cartas de amor, dizia o poeta, pois eu digo que as declarações de amor de ridiculo não tem nada... não sou o poeta mas sou a Isabel.
Miguel Amo-te

O primeiro dia

Quem eu sou:
Resposta dificil ou quase impossivel: ser em constante mudança
Do que gosto:
Gosto de mim
Gosto do Miguel
Gosto dos meus poucos amigos
Gosto de gatos, não gosto da maioria dos cães...
Gosto de ler, bons e maus livros
Gosto de cinema, bons e maus filmes
Gosto de me rir de quase tudo, de mim, dos outros, da vida, das tristezas, dos raciocinios inteligentes, das tiradas estupidas, das frases intelectuais, das manias, das afirmações categóricas, das certezas da treta... blá blá blá...
Gosto de coisas fúteis, mas de facto não as acho futeis...
Gosto de roupas, perfumes, revistas de moda, acessórios, cabeleireiros, malas, sapatos, e coisas que me fazem sentir gira
Gosto de dizer estas coisas e sentir que estou a ser honesta portanto, estou perdoada...
(Deus não castiga quem confessa pois não)
Gosto de paisagens simples, quase rudes
Gosto de pessoas simples, quase rudes
Gosto de coisas simples: coisas, pessoas, comida, espaços
Gosto de coisas sofisticadas: coisas, pessoas, comida, espaços
Gosto de luxo
Gosto de contradições
Gosto de ser contraditória
Gosto de adivinhar coisas
Gosto de ser chata (ás vezes)
Gosto que gostem de mim
Gosto de falar e de escrever
Gosto de fazer o que gosto
Gosto de me maltratar e não fazer o que me apeteçe
Vou parar de escrever...
Pronto...
Parei...
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