quarta-feira, dezembro 06, 2006

Começar de novo

Luísa, 5 dias depois (excerto)

Ao 5ª dia ela acordou.
2 dias mais do que cristo levou para ressuscitar.
Uma força inversa à que durante esses 5 dias a tinha suavemente empurrado para longe, repentinamente devolveu-a a este mundo.
Como se durante esses dias a tivesse mastigado, saboreado, deixado os sabores amadurecerem na língua sem engolir e num segundo se apercebesse que não a queria, que o sabor não lhe agradava e sem delicadeza ou etiqueta, rudemente a cuspisse de volta à vida.
A morte não gostou dela.
Soube-lhe mal.
Tinha um travo desagradável, era débil, demasiado leve, demasiado jovem.
A morte apreciava as pessoas como se apreciasse um bom vinho.
Na infância do vinho é criminoso bebe-lo.
Pela mesma razão a morte não apreciava o sabor crianças, achava criminoso engoli-las tão cedo. Só quando estava esfomeada.
Outras vezes era acidental.
As eternas batalhas entre ela e a irmã vida, uma vez por outra empurravam-lhe uma criança acidentalmente goela abaixo.
A morte não gostava.
Nessas alturas costumava gritar com a irmã e dizer que já tinham ido longe de mais.
Vida concordava.
Ambas choravam quando isto acontecia.
A morte também não apreciava os muito jovens, nem nos vinhos nem nas pessoas.
Vida também não gostava de a ver engolir os mais jovens que eram quem habitualmente a enchiam de alegria, ânimo e energia.
Ultimamente acontecia com alguma frequência. Nem ela nem a irmã percebiam bem porque. Sem saberem como um jovem de repente abandonava a vida e ia parar directamente à boca da morte.
- Deve ser este mundo que está enlouquecido. Costumavam comentar as duas.
-Dantes isto estava bem dividido, tu tomavas conta deles até serem velhos e depois entregavas-mos a mim. Dizia a morte.
- Assim é que estava bem. Assim é que estava como é natural. E eu tinha-os como gosto já envelhecidos como um bom vinho. Tal e qual como os vinhos os melhores também são os que tiveram uma vida feliz.
- Hum, que gostinho bom que esses tem. Continuava a morte lambendo os beiços.
Luísa soubera-lhe mal, não era assim que gostava delas.
Sabia a vinho pouco e mal amadurecido.
Sabia a vinho quebrado, de pouca vida e muita dessa já pouca, muito infeliz.
Nã, não gosto disto. Pensou a morte.
Nesse dia, o 5º, estava de gosto requintado e não estava disposta a fazer cedências.
Queria algo completo, harmonioso, elegante, redondo, bem maturado.
Por isso sem hesitar cuspiu-a. Devolveu-a à vida.
A vida, que não tinha gostado de a ver partir, abriu os braços para a acolher de volta.
Luísa agradeceu.
Também não tinha gostado dos dias passados na boca da morte.
Não lhe agradou aquele bafo quente e malcheiroso.
A morte tinha a infelicidade de ter mau hálito.
Talvez fosse por muitas vezes se dedicar a esta degustação de pessoas antes de decidir se as engolia ou as entregava de volta à sua querida irmã vida.
Todo este tempo com pessoas moribundas na boca era certamente a causa daquele bafo fétido.
Quem diria que com tão mau hálito a morte era senhora de gostos requintados.
Luísa sentia um inesperado prazer em se sentir viva.
Apesar de pouco recordar tinha a certeza de que o lugar onde estivera lhe tinha sido terrivelmente desagradável e que aqueles 5 dias lá passados a iriam marcar para sempre. Aquela língua fedorenta feita sala de espera onde os mortos vivos aguardam a decisão da morte era o pior sitio onde já tinha estado.
Se ao menos tivesse sido engolida de imediato.
Mas todo aquele processo de degustação tinha sido uma verdadeira tormenta.
Sentiu-se grata por ser cuspida. E não esperava.
Estava convencida que queria morrer.
Estava convencida que queria encontrar a morte.
Estava convencida que a morte seria sua companheira e que com agrado lhe daria a mão e finalmente poderia descansar.
Mas estava errada.
Não era a sua hora.
Surpreendentemente sentia-se grata à morte por a ter recusado.
Mais grata ainda à vida, por apesar da traição, a ter recebido de volta.
Sem perguntas.
Sem condições.
A vida estendeu-lhe a mão e disse-lhe baixinho: acorda, estás de volta.
Sentiu estas palavras como um sopro na alma empurrando-a em sentido oposto.
Deixou-se vir montada nesse sopro, como um guerrilheiro montado no seu cavalo regressando a casa depois de uma dura batalha.
Regressava ao conforto desconfortável de estar viva.
De novo a vida falou – Acorda agora, Luísa!
Sentiu a mão morna da vida sob a sua mão gelada e obedeceu.
Acordou.
Acordou de repente ao segundo apelo da vida.
Mas o verdadeiro despertar esse foi lento, muito lento.
Vinha de longe.
Passava por algo semelhante á diferença de fuso horário.
Um estranho cansaço, como se as horas estivessem trocadas.
Teve um primeiro pensamento.
“Será que avisaram no emprego que eu não podia ir?”
Logo de seguida ficou estupefacta com o que pensara.
Como era possível ter decidido morrer.
Matar-se.
Voltar miraculosamente à vida.
E ter como primeiro pensamento algo de tão comezinho.
Como era possível?
Passara pela mais difícil das decisões.
Fizera a mais estranha viagem.
Acabara de regressar da mais transcendente de todas as suas experiências e o seu primeiro pensamento era algo tão banal, tal vulgar, tão trivial.
Luísa ainda não sabia que o resto vinha depois.
Agora que estava viva tudo se tinha voltado a passar da forma como normalmente se passa entre nós os vivos.
Por muito que nos custe admiti-lo antes de sermos elevados todos somos primários.
Antes das análises filosóficas, psicológicas ou transcendentais, começamos por pensar no mais básico, comer, beber, dormir, ela pensara em trabalhar.
Pensara naquilo que lhe garantia o sustento.
Naquilo que garantiria a sua sobrevivência depois de estar grata por estar de regresso à vida.
Ela estava apenas a ser o que era. Um ser humano igual aos outros.
O resto viria depois.
Na enfermaria tinham dado pelo seu despertar.
A paciente da cama 22 sairá do coma.
A azáfama do cumprimento das tarefas habituais nestes casos tivera início.
Visto de fora é algo que se assemelha a uma corrida depois de dado o sinal de partida.
Uma corrida de pessoal hospitalar já com todo o procedimento mecanizado.
Embora a visão ainda não fosse nítida conseguiu distinguir uma enfermeira novinha de olhos postos nela. Viu naquele olhar um misto de curiosidade com emoção.
Aproveitou.
- Enfermeira. Enfermeira por favor. Chamou.
- Não fale agora. Descanse! Disse-lhe a enfermeira chamada Conceição, como se podia ver na pregadeira com a identificação no bolso da bata branca.
- Quero saber se avisaram o meu emprego. Perguntou Luísa.
- Não creio menina. Sei que esteve cá uma amiga sua. Penso ter sido o único número que atendeu o telefone quando se tentou contactar a sua família.
- Não tenho família. Disse Luísa com secura.
-Mas esteve cá uma senhora 2 vezes, uma amiga. E falou muito consigo, reparei que estava a recordar coisas do passado para ver se ajudava a menina a acordar. Insistiu a enfermeira.
- Sabe quem era? O nome? Perguntou com estranheza.
-De cor não, mas vou ver. Sei que era escritora porque me disse.
Luísa estremeceu.
- Vá rápido ver o nome por favor. Pediu.
A enfermeira novinha saiu correndo e voltou num ápice.
- O nome dela era Ana. Não deixou apelido.
Ana.
Ana.
Não precisava apelido.
Ana, a sua única amiga.
Perdera-lhe o rasto.
A saudade permanecera.
Ana.
A Ana estivera ali junto dela, recordando o passado.
Sorriu.
Ana só tu!
Ana, minha amiga doida foi preciso morrer para te conseguir voltar a encontrar.

(Continua)

Isabel



"O que esse novo dia nos trará"
Rosina Vilella

sábado, dezembro 02, 2006

Revolta e Vida

P. Guerreiro escreveu:
Branco…Eis o meu testemunho em branco…A minha parede roubada. Escrevam nela a revolta, a vontade de viver.
Aceitei o desafio, claro!
Aqui exponho a minha Revolta.
Aqui mostro a minha vontade de viver.
Uma parede branca.
Feita de neve.
Branca.
Alva.
Pura.
Inocentemente aguardando lhe roubemos a pureza.
Que lhe manchemos a virginal brancura.
De vermelho.
Vermelho, cor de sangue.
Vermelho, cor de amor
Vermelho ,cor de vida
Vermelho, cor de grito de revolta
.
Tanto me revolta neste mundo.
Tanto me revolta nestes seres humanos, que cada vez menos humanos são.
Tanto me revolta nestes sistemas políticos isentos de fundamento ideológico, espalhados por esses países fora.
Tanto me revolta nesta generalizada destruição do planeta e nesta quase total inércia.
Tanto me revoltam as guerras como esta paz podre globalmente aceite.
Tanto, tanto me revolta no mundo que opto por falar da minha revolta interior.
Sendo um acto intimista confesso ter exigido de mim alguma coragem para o fazer.
Gosto de me desafiar. Creio na capacidade do ser humano de lutar contra os seus medos e se tornar cada vez mais corajoso.
A quem mais do que a mim cabe enfrentar os meus fantasmas secretos?
Torna obrigatório que fale de um lado de mim que poucos conhecem.
Vou faze-lo simplesmente porque sim.
Porque decidi que é hoje o dia de o fazer.
Agrada-me a ideia de o fazer manchando essa parede de neve pura com a minha revolta interior.

Contra quê?
Contra quem?
Contra mim tão somente.

Comecemos a história.

Eu tinha sete anos.
Por condicionalismos da vida nessa altura os meus pais tiveram de me pôr a viver num simpático vilarejo, com a minha velha e adorada avó e com uma tia mais velha ainda.
Irmã de minha avó, por isso minha tia avó.
Tinha de ser assim.
Não havia outra solução explicaram-me.
Deram-me a explicação com o maior carinho e ternura e com sentida tristeza lá me deixaram.
Vinham aos fins de semana e deixando-me uivando de choro à janela implorando para não partirem de novo mas de novo partiam fim de semana após fim de semana durante 5 anos.
Tinha de ser explicavam.
Eu dizia que entendia.
E entendi. A minha cabeça entendeu.
O coração não.
O coração não entendeu mesmo nada e ainda hoje não sei se perdoou.
O coração estava destroçado.
O coração chorava aquela ausência com lágrimas de sangue.
Dia após dia o meu coração sangrava de saudade.
O mesmo sangue com que agora mancho esta parede.
Ninguém soube o que se passava no meu coração de 7 anos.
Só eu sabia.
As lágrimas só se soltavam nas despedidas cada fim de semana esse o meu único momento de descontrole. Interpretado como normal e passageiro choro infantil...
Não era normal.
Não era passageiro, durou a totalidade dos cinco anos que lá estive e ainda dura hoje.
O passageiro veio a ser para a toda a vida.
Aquela sensação de abandono e desproteção não me largou nunca mais.
Nem era infantil. Deixou de o ser naquela altura. Tive de deixar de ser infantil ali.
Fui perdendo ali aos poucos toda a infantilidade e inocência com trazia em mim quando lá cheguei.

O vilarejo era simpático.
As pessoas eram simplesmente maravilhosas.
Humildes, solidarias, cheias de carinho e bondade natural.
Chamavam-me a menina de Lisboa.
Achavam-me doce, terna, simpática e a mais bonita lá da zona.
Tratavam-me bem, com muita curiosidade e uma atenção desmedida.
Na vila inteira todos tomavam conta uns dos outros, entre aquelas gentes o espirito de entreajuda era real.
Na vila inteira todos olhavam ou pouco por mim, a menina de Lisboa, pobrezinha, longe dos pais só com as duas velhotas.

Era uma vila cheia de gente boa..
Boa mas ignorante, retrograda.
As raparigas estudavam pouco mais que até à quarta classe, algumas faziam uns anos do liceu se fossem consideradas das mais inteligentes.
As menos inteligentes começavam a chumbar na escola e toca a ir trabalhar para a costura.
Depois havia que começar a tratar de arranjar um marido trabalhador capaz de dar sustento a uma familia.
Com os rapazes o processo era exactamente o mesmo, apenas as alternativas profissionais eram mais vastas, serralheiro, electricista, pedreiro , mecânico e com sorte talvez até um bom emprego num escritório ou no banco mais próximo.
A seguir ao bom emprego comecar a pensar em procurar uma rapariga decente, respeitadora e uma boa mãe para os seus futuros filhos.
No liceu, as modernices de Lisboa tinham chegado rápido e drogas de todos os géneros não faltavam...
Raro era o dia em que não havia rusga e 3 ou 4 miúdos levados na carrinha da policia.
Os traficantes , esses ficavam a rir encostados ao muro da escola.
Nesses ninguém tocava.
Eram admirados, respeitados e os que mais saída tinham com as miúdas.
Elas gostavam daquele estilo malandreco de meia tigela.
Cambada de cobardolas, pensava eu na altura.
Elas as miúdas locais achavam que aquilo é que era um homem, até armados andavam, que poderia haver de mais másculo que aquilo?
Tolas!
Eles ficavam-lhes com o dinheiro, serviam-se dos seus corpos até se fartarem e depois deitavam fora com o mesmo sorriso com que viam os putos seguir dentro da carrinha da policia.
Vermes rastejantes de óculos escuros e gola levantada.

Também chegara a febre da construção.
E principiava-se a construir prédios atras de prédios mesmo junto ao liceu.
As obras davam trabalho a muito homem lá da terra e também a muito vindo de fora.
As raparigas novas saltitando de um lado para o outro eram uma verdadeira e incontrolável provoçação.
Um piteu de fazer crescer água na boca a qualquer homem que é homem.
Ouvi da boca desses homens palavrões e expressões que até ai nunca imaginara existirem.
Não entendia o que queriam dizer, mas sentia uma náusea que me indicava não ser coisa boa .
Essas coisas ali aprendiam-se depressa, as mais velhas tratavam de ensinar as mais novas tim tim por tim tim o que tudo queria dizer.
Da malandrice, como lhe chamavam, ali toda a gente entendia.
E a mim tudo me foi explicado detalhadamente para que a menina de Lisboa não fosse a única a não entender.
Embora todas entendessemos .
Haviam dois tipos de raparigas.
As decentes.
E as outras.
As outras eram normalmente as muito pobres ou aquelas com ligeiros atrasos mentais que se vendiam aos homens das obras a troco de uns tostões .
Os trocos que lhes pagavam em troca dos seus corpos de menina serviam, nalguns casos, para ajudar as familias tal era a pobreza, noutros para poder comprar uma bola de berlim quentinha e cheia de creme no próximo intervalo das aulas.
A transação, corpo por tostões, dava-se naqueles barracões montados provisoriamente mesmo em frente da obra para guardar as ferramentas, comida, bebida e fazer umas refeições.
Ali as refeições incluíam comer meninas jovens e tenrinhas.
Este ali, era mesmo, mesmo à frente do liceu.
Todas sabíamos o que ali se passava.
Nós as outras miúdas.
Nós e também os professores, os directores, os subdirectores, todos , todos sabiam e ninguém fazia nada.

Eu via tudo isto.
Todos os dias.
Fui-me habituando mas sabia que não era normal.
Causava-me asco.
Pena.
Dor.

Revolta .
E fazia o meu coração chorar, mais ainda.
Que fazia eu ali?
Eu era uma miuda. Se calhar já não era. Já tinha deixado de o ser.

Nunca falei disso aos meus pais nem a nenhum adulto.
Tinham-me explicado que não havia outra solução que eu tinha de ali ficar.
Não valia apena, achava eu, preocupa-los e entristece-los com estas coisas.
Era melhor continuar a rir e a ser alegre e bem disposta como era esperado que eu fosse.
Como eram todas as outras miúdas.

Fui-me portando como se fosse uma miúda como as outras.
Tornei-me forte e eximia na arte de criar defesas.
Achava eu, ingenuamente.
Aprendi a ler bem muito cedo.
Os livros transportavam-me a outros mundos mais interessantes, mais belos e misteriosos.
Começei pelos livros de aventuras e logo de seguida os policiais, ocupava a mente tentando adivinhar o criminoso, desviando assim o pensamento do que me doía.
A verdade é que pensava na mesma.
Tornei-me a chamada Maria rapaz e passava o dia fora de casa aventurando-me ao sabor da minha imaginação, tentando assim ver menos daquela realidade que eu não gostava.
A verdade é que via na mesma.
Tornei-me atenta aos pormenores de todas as coisas. Analisava tudo atentamente. Em especial os detalhes. Tudo me interessava, as cores, as formas as sombras os brilhos. Nas pessoas detinha-me observando os gestos, as expressões, os olhares, para que me mostrassem o que tentavam sem sucesso esconder. Escutava todas as histórias, todos os relatos, procurava as várias versões do mesmo acontecimento e sem saber principiava a conhecer os meandros do ser humano melhor que muitos adultos. Os mais infímos detalhes davam encanto e enchiam de deslumbre a minha vida que pouco tinha de encantadora.
Tornei-me perspicaz, analítica, observadora. Convenci-me que assim desviaria a atenção da força das emoções e da dor no coração.
A verdade é que as emoções estavam lá na mesma e a minha atenção não era selectiva, estava atenta ao belo e ao mais feio. Era de facto perspicaz, analitica e observadora mas tambem sensivel e desmesuradamente sensitiva.
A dor no coração, contrariamente ao que eu esperava cada vez era maior.

Disfarçada apenas.
Sempre disfarçada.
Nisso sim tornei-me mestre. Na arte do disfarce.
Aos olhos de todos eu era uma menina alegre, bem disposta e divertida.

Nada mudou.
E passaram tantos anos.
Cada vez sou melhor nesta arte.
Até os amigos acham que eu sou a tal que está sempre bem.
Aos meus pais já não consigo enganar.
Ao meu amor também não, nem quero, quero que ele me conheça como sou.
E a mim não enganei nunca.

Esta é a minha revolta.
Ter suportado silenciosamente aquela dor que me marcou para sempre sem dizer uma palavra.
Fazendo crer o contrário ao mundo inteiro.
Magoei-me e deixei o meu coração a sangrar para a vida inteira por opção própria.
Por achar que era tão forte que superava tudo.
Por querer poupar todos de se preocuparem comigo.
Revolta-me esta minha continua opção de silêncio perante a minha própria dor.
Talvez tenha poupado os outros e o continue a fazer.
Mas é falso.
Eu sofro como toda a gente.
Tenho fragilidades como toda a gente.
Choro como toda a gente.
Talvez tenha poupado os outros.
Não me poupei nunca a mim, e continuo a não o fazer.
Luto isso sim, e continuarei a lutar todos os dias para continuar a amar a vida.
E a enfrenta-la com revolta sim, muitas vezes, mas sempre de cabeça levantada.
Estou viva.
Sobrevivi a tudo.
Sobrevivi amando infinitamente a vida.
Vi e vivi tudo o que vi e vivi.
Mas estou aqui. VIVA.
Quero viver mais!
Amo a vida .
Quero morrer tendo vivido a vida em toda a sua plenitude.

Isabel