sábado, dezembro 02, 2006

Revolta e Vida

P. Guerreiro escreveu:
Branco…Eis o meu testemunho em branco…A minha parede roubada. Escrevam nela a revolta, a vontade de viver.
Aceitei o desafio, claro!
Aqui exponho a minha Revolta.
Aqui mostro a minha vontade de viver.
Uma parede branca.
Feita de neve.
Branca.
Alva.
Pura.
Inocentemente aguardando lhe roubemos a pureza.
Que lhe manchemos a virginal brancura.
De vermelho.
Vermelho, cor de sangue.
Vermelho, cor de amor
Vermelho ,cor de vida
Vermelho, cor de grito de revolta
.
Tanto me revolta neste mundo.
Tanto me revolta nestes seres humanos, que cada vez menos humanos são.
Tanto me revolta nestes sistemas políticos isentos de fundamento ideológico, espalhados por esses países fora.
Tanto me revolta nesta generalizada destruição do planeta e nesta quase total inércia.
Tanto me revoltam as guerras como esta paz podre globalmente aceite.
Tanto, tanto me revolta no mundo que opto por falar da minha revolta interior.
Sendo um acto intimista confesso ter exigido de mim alguma coragem para o fazer.
Gosto de me desafiar. Creio na capacidade do ser humano de lutar contra os seus medos e se tornar cada vez mais corajoso.
A quem mais do que a mim cabe enfrentar os meus fantasmas secretos?
Torna obrigatório que fale de um lado de mim que poucos conhecem.
Vou faze-lo simplesmente porque sim.
Porque decidi que é hoje o dia de o fazer.
Agrada-me a ideia de o fazer manchando essa parede de neve pura com a minha revolta interior.

Contra quê?
Contra quem?
Contra mim tão somente.

Comecemos a história.

Eu tinha sete anos.
Por condicionalismos da vida nessa altura os meus pais tiveram de me pôr a viver num simpático vilarejo, com a minha velha e adorada avó e com uma tia mais velha ainda.
Irmã de minha avó, por isso minha tia avó.
Tinha de ser assim.
Não havia outra solução explicaram-me.
Deram-me a explicação com o maior carinho e ternura e com sentida tristeza lá me deixaram.
Vinham aos fins de semana e deixando-me uivando de choro à janela implorando para não partirem de novo mas de novo partiam fim de semana após fim de semana durante 5 anos.
Tinha de ser explicavam.
Eu dizia que entendia.
E entendi. A minha cabeça entendeu.
O coração não.
O coração não entendeu mesmo nada e ainda hoje não sei se perdoou.
O coração estava destroçado.
O coração chorava aquela ausência com lágrimas de sangue.
Dia após dia o meu coração sangrava de saudade.
O mesmo sangue com que agora mancho esta parede.
Ninguém soube o que se passava no meu coração de 7 anos.
Só eu sabia.
As lágrimas só se soltavam nas despedidas cada fim de semana esse o meu único momento de descontrole. Interpretado como normal e passageiro choro infantil...
Não era normal.
Não era passageiro, durou a totalidade dos cinco anos que lá estive e ainda dura hoje.
O passageiro veio a ser para a toda a vida.
Aquela sensação de abandono e desproteção não me largou nunca mais.
Nem era infantil. Deixou de o ser naquela altura. Tive de deixar de ser infantil ali.
Fui perdendo ali aos poucos toda a infantilidade e inocência com trazia em mim quando lá cheguei.

O vilarejo era simpático.
As pessoas eram simplesmente maravilhosas.
Humildes, solidarias, cheias de carinho e bondade natural.
Chamavam-me a menina de Lisboa.
Achavam-me doce, terna, simpática e a mais bonita lá da zona.
Tratavam-me bem, com muita curiosidade e uma atenção desmedida.
Na vila inteira todos tomavam conta uns dos outros, entre aquelas gentes o espirito de entreajuda era real.
Na vila inteira todos olhavam ou pouco por mim, a menina de Lisboa, pobrezinha, longe dos pais só com as duas velhotas.

Era uma vila cheia de gente boa..
Boa mas ignorante, retrograda.
As raparigas estudavam pouco mais que até à quarta classe, algumas faziam uns anos do liceu se fossem consideradas das mais inteligentes.
As menos inteligentes começavam a chumbar na escola e toca a ir trabalhar para a costura.
Depois havia que começar a tratar de arranjar um marido trabalhador capaz de dar sustento a uma familia.
Com os rapazes o processo era exactamente o mesmo, apenas as alternativas profissionais eram mais vastas, serralheiro, electricista, pedreiro , mecânico e com sorte talvez até um bom emprego num escritório ou no banco mais próximo.
A seguir ao bom emprego comecar a pensar em procurar uma rapariga decente, respeitadora e uma boa mãe para os seus futuros filhos.
No liceu, as modernices de Lisboa tinham chegado rápido e drogas de todos os géneros não faltavam...
Raro era o dia em que não havia rusga e 3 ou 4 miúdos levados na carrinha da policia.
Os traficantes , esses ficavam a rir encostados ao muro da escola.
Nesses ninguém tocava.
Eram admirados, respeitados e os que mais saída tinham com as miúdas.
Elas gostavam daquele estilo malandreco de meia tigela.
Cambada de cobardolas, pensava eu na altura.
Elas as miúdas locais achavam que aquilo é que era um homem, até armados andavam, que poderia haver de mais másculo que aquilo?
Tolas!
Eles ficavam-lhes com o dinheiro, serviam-se dos seus corpos até se fartarem e depois deitavam fora com o mesmo sorriso com que viam os putos seguir dentro da carrinha da policia.
Vermes rastejantes de óculos escuros e gola levantada.

Também chegara a febre da construção.
E principiava-se a construir prédios atras de prédios mesmo junto ao liceu.
As obras davam trabalho a muito homem lá da terra e também a muito vindo de fora.
As raparigas novas saltitando de um lado para o outro eram uma verdadeira e incontrolável provoçação.
Um piteu de fazer crescer água na boca a qualquer homem que é homem.
Ouvi da boca desses homens palavrões e expressões que até ai nunca imaginara existirem.
Não entendia o que queriam dizer, mas sentia uma náusea que me indicava não ser coisa boa .
Essas coisas ali aprendiam-se depressa, as mais velhas tratavam de ensinar as mais novas tim tim por tim tim o que tudo queria dizer.
Da malandrice, como lhe chamavam, ali toda a gente entendia.
E a mim tudo me foi explicado detalhadamente para que a menina de Lisboa não fosse a única a não entender.
Embora todas entendessemos .
Haviam dois tipos de raparigas.
As decentes.
E as outras.
As outras eram normalmente as muito pobres ou aquelas com ligeiros atrasos mentais que se vendiam aos homens das obras a troco de uns tostões .
Os trocos que lhes pagavam em troca dos seus corpos de menina serviam, nalguns casos, para ajudar as familias tal era a pobreza, noutros para poder comprar uma bola de berlim quentinha e cheia de creme no próximo intervalo das aulas.
A transação, corpo por tostões, dava-se naqueles barracões montados provisoriamente mesmo em frente da obra para guardar as ferramentas, comida, bebida e fazer umas refeições.
Ali as refeições incluíam comer meninas jovens e tenrinhas.
Este ali, era mesmo, mesmo à frente do liceu.
Todas sabíamos o que ali se passava.
Nós as outras miúdas.
Nós e também os professores, os directores, os subdirectores, todos , todos sabiam e ninguém fazia nada.

Eu via tudo isto.
Todos os dias.
Fui-me habituando mas sabia que não era normal.
Causava-me asco.
Pena.
Dor.

Revolta .
E fazia o meu coração chorar, mais ainda.
Que fazia eu ali?
Eu era uma miuda. Se calhar já não era. Já tinha deixado de o ser.

Nunca falei disso aos meus pais nem a nenhum adulto.
Tinham-me explicado que não havia outra solução que eu tinha de ali ficar.
Não valia apena, achava eu, preocupa-los e entristece-los com estas coisas.
Era melhor continuar a rir e a ser alegre e bem disposta como era esperado que eu fosse.
Como eram todas as outras miúdas.

Fui-me portando como se fosse uma miúda como as outras.
Tornei-me forte e eximia na arte de criar defesas.
Achava eu, ingenuamente.
Aprendi a ler bem muito cedo.
Os livros transportavam-me a outros mundos mais interessantes, mais belos e misteriosos.
Começei pelos livros de aventuras e logo de seguida os policiais, ocupava a mente tentando adivinhar o criminoso, desviando assim o pensamento do que me doía.
A verdade é que pensava na mesma.
Tornei-me a chamada Maria rapaz e passava o dia fora de casa aventurando-me ao sabor da minha imaginação, tentando assim ver menos daquela realidade que eu não gostava.
A verdade é que via na mesma.
Tornei-me atenta aos pormenores de todas as coisas. Analisava tudo atentamente. Em especial os detalhes. Tudo me interessava, as cores, as formas as sombras os brilhos. Nas pessoas detinha-me observando os gestos, as expressões, os olhares, para que me mostrassem o que tentavam sem sucesso esconder. Escutava todas as histórias, todos os relatos, procurava as várias versões do mesmo acontecimento e sem saber principiava a conhecer os meandros do ser humano melhor que muitos adultos. Os mais infímos detalhes davam encanto e enchiam de deslumbre a minha vida que pouco tinha de encantadora.
Tornei-me perspicaz, analítica, observadora. Convenci-me que assim desviaria a atenção da força das emoções e da dor no coração.
A verdade é que as emoções estavam lá na mesma e a minha atenção não era selectiva, estava atenta ao belo e ao mais feio. Era de facto perspicaz, analitica e observadora mas tambem sensivel e desmesuradamente sensitiva.
A dor no coração, contrariamente ao que eu esperava cada vez era maior.

Disfarçada apenas.
Sempre disfarçada.
Nisso sim tornei-me mestre. Na arte do disfarce.
Aos olhos de todos eu era uma menina alegre, bem disposta e divertida.

Nada mudou.
E passaram tantos anos.
Cada vez sou melhor nesta arte.
Até os amigos acham que eu sou a tal que está sempre bem.
Aos meus pais já não consigo enganar.
Ao meu amor também não, nem quero, quero que ele me conheça como sou.
E a mim não enganei nunca.

Esta é a minha revolta.
Ter suportado silenciosamente aquela dor que me marcou para sempre sem dizer uma palavra.
Fazendo crer o contrário ao mundo inteiro.
Magoei-me e deixei o meu coração a sangrar para a vida inteira por opção própria.
Por achar que era tão forte que superava tudo.
Por querer poupar todos de se preocuparem comigo.
Revolta-me esta minha continua opção de silêncio perante a minha própria dor.
Talvez tenha poupado os outros e o continue a fazer.
Mas é falso.
Eu sofro como toda a gente.
Tenho fragilidades como toda a gente.
Choro como toda a gente.
Talvez tenha poupado os outros.
Não me poupei nunca a mim, e continuo a não o fazer.
Luto isso sim, e continuarei a lutar todos os dias para continuar a amar a vida.
E a enfrenta-la com revolta sim, muitas vezes, mas sempre de cabeça levantada.
Estou viva.
Sobrevivi a tudo.
Sobrevivi amando infinitamente a vida.
Vi e vivi tudo o que vi e vivi.
Mas estou aqui. VIVA.
Quero viver mais!
Amo a vida .
Quero morrer tendo vivido a vida em toda a sua plenitude.

Isabel

27 Comments:

Blogger kolm said...

Rapidamente!! Para deixar um sorriso encantado.
E no vento a promessa de voltar para te ler!!

(sorriso gende)

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger david santos said...

Olá!
É verdade, Isabel.
Só com as nossas próprias revoltas, podemos ir ao encontro de todas as revoltas e, quem sabe, não ajudarmos a que as outras se reduzam por sentir as nossas...
Obrigado, Isabel! Mais um bom texto.
À ISABEL, CLARO ESTÁ!

ATÉ SEMPRE, AMIGA!

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger P. Guerreiro said...

Cara amiga...Deixaste-me sem palavras...Essa menina de sete anos deixou-me sem palavras...Tanto que fica do passado, mas que faz parte do que construimos e apelidamos de personalidade...Escreveste a tua revolta...E um pouco mais...Espero que não te tenhas magoado ao fazê-lo, a minha intenção era libertadora, fazer as pazes com o que nos revolta e por esse motivo viver a vida...
Um abraço grande!

P.S.Bem escrito...Grande personalidade...Uma bellísima semana!

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger isabel mendes ferreira said...

uffffffffffff

isabel.....



que vitalidade....que inveja....:)))

que sim tão sim!


uma escrita intensa.

revitalizante.



Beijo. vivo. vibrante.



beijos.

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger jawaa said...

«Amo a vida. quero viver mais!»
Dizes e escreves bem.
Mas para quê sofrer com o que já passou? Mete tudo numa gavetinha e fecha. Depois, continua a viver!
Tens um amor por perto; a ti cabe aproveitar tudo e tornar a vida bonita!

Um beijo

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger eu sou said...

Apenas uma palavra: Excelente!!!

Obg pela visita


Até breve

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Minha querida Isabel

Que grande e sentido GRITO!!!

Está EXCELENTE.não encontro outra palavra

Parabéns pela tua fantástica escrita

Beijinhos com carinho
BoaSemana

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger bettips said...

Muito sentido/sentimento. Ainda bem que conseguiste "inscrever-te" e andar para a frente. A revolta pelas coisas que vais enumerando, é saudável, linda! Motor de vida.(Girassóis há lá, mas em Setembro...) Abç

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger matilde said...

Simplesmente um Obrigada.

Pela partilha.
Pela intensidade do texto.

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger Miss T said...

Palavras tão fortes, tão sentidas... que quase me deixaram sem palavras! Penso que me tocaram especialmente por carregar comigo pedaços da minha infância que continuo sem conseguir ultrapassar. Fazer de conta com o tempo passou a ser mais fácil, mas não resolveu os "nós cegos" ...

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger José Manuel Dias said...

Somos o que queremos, de verdade, ser.
Abraço

segunda-feira, dezembro 04, 2006  
Blogger OLHAR VAGABUNDO said...

completamente apaixonado pela tua escrita...
beijo vagabundo

terça-feira, dezembro 05, 2006  
Blogger alice said...

olá isabel ;) fiquei contente com a tua visita. obrigada pelas tuas palavras. sabe muito bem voltar à fala contigo. de qualquer forma, sou uma visita assídua desta casa. em cada post uma reflexão. fico maior depois de te ler. beijinhos.

terça-feira, dezembro 05, 2006  
Blogger Rui said...

Só assim vale a pena viver.

Mais não sei dizer.

bj

terça-feira, dezembro 05, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Há mágoas que jamais desaparecem, feridas que jamais cicatrizam! Essa é uma delas! Como te compreendo e imagino o quão dificil terão sido esses 5 anos! Mas há que ultrapassar...Bj grande... :-)))

terça-feira, dezembro 05, 2006  
Blogger veritas said...

Olá amiga!

Visitei-te...sorvi-te...já estava com saudades.

Bjs. Boa semana.

terça-feira, dezembro 05, 2006  
Blogger Bruna Pereira Ferreira said...

Como me revejo nalgumas frases que aqui li, Isabel. É mesmo isso, não compreenderem a nossa revolta, o nosso mundo, porque sentimos de mais e não cabe em nós tanta coisa.

(é lindo o que escreveste)

:)

quarta-feira, dezembro 06, 2006  
Blogger Desambientado said...

Tão bem escrito....Lindo.

quarta-feira, dezembro 06, 2006  
Blogger david santos said...

Olá!
Uma pausa! Pois acho muito bem!
Um abraço.
Obrigado.

quarta-feira, dezembro 06, 2006  
Blogger Bandida said...

toma... o meu ombro...




chora. faz bem.




beijo Isabel!
___________________________

quarta-feira, dezembro 06, 2006  
Blogger Pierrot said...

Extraordinária essa tua revolta.
A tua lágrima é a minha lágrima.
Parabéns
Bjos daqui
Eugénio

quinta-feira, dezembro 07, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Isabel,

Apesar de te vir sempre ler, nunca te teixei um comentário... É impossível não o fazer agora. Fizeste-me chorar.
Também eu sinto revolta.
Também eu sou eximia na arte de disfarçar.

Um beijinho.

quinta-feira, dezembro 07, 2006  
Blogger Luiz Carlos Reis said...

Isabel,

Delícia de texto uma experiência marcante e intensa de vida. Fascinante pois destes a volta por cima, sacudiu, levantou a poeira e... Num salto compilou aquilo que mais me fascina: o amor solidário e puro.
Mas não sofras pelo que passou, não alimente mágoas, só trazem más e péssimas recordações. Exploda na hora certa. A vida reserva-nos tudo o que há de melhor. E, viva, viva o momento como se fosse o primeiro ou última vez. "Viva a vida como ela é...agradeça ao criador tudo o que fomos e somos"

Um beijo imenso no seu coração e obrigado pelas visitas sempre constantes!

quinta-feira, dezembro 14, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Fabuloso este texto, minha Amiga. Cair e levantar-se, ranger os dente e seguir em frente, cientte do que quer e do que vale, não é para todos. Mas foi para ti. Força mulher!
bjs.
António

quarta-feira, dezembro 20, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Fabuloso este texto, minha Amiga. Cair e levantar-se, ranger os dente e seguir em frente, ciente do que quer e do que vale, não é para todos. Mas foi para ti. Força mulher!
bjs.
António

quarta-feira, dezembro 20, 2006  
Blogger inBluesY said...

um beijinho enormoe Isabel, como entendo essa arte de disfarçar e toda a sua revolta, mesmo a que vimos e somos impotentes em alterar.

um beijinho

terça-feira, dezembro 26, 2006  
Blogger A said...

Isabel


Como gostei de te (re)encontrar!

Aliás, tu me encontraste :)

Que descrição fascinante, que pessoa lutadora és. Das minhas!

Ou não fosse também eu Isabel... talvez esteja mais sensível (deixar de fumar!!) e o teu texto impressionou-me bastante, comoveu-me.

Adorei.

Já te adicionei para não te perder.

Mais uma vez obrigada pelo comentário.

Mil beijos

quarta-feira, janeiro 03, 2007  

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