O POEMA
I
Esclarecendo que o poema
é um duelo agudíssimo
quero eu dizer um dedo agudíssimo claro
apontado ao coração do homem
falo
com uma agulha de sangue
a coser-me todo o corpo
à garganta
e a esta terra imóvel
onde já a minha sombra
é um traço de alarme
II
Piso do poema
chão de areia
Digo na maneira
mais crua e mais
intensa
de medir o poema
pela medida inteira
o poema em milímetro
de madeira
ou apodrece o poema
ou se alteia
ou se despedaça
a mão ateia
ou cinco seis astros
se percorre
antes que o deserto
mate a fome
Luiza Neto Jorge
Don Li Leger
6 Comments:
Desconhecia essa poeta e adorei :)
assim como o quadro .
Bj***
Bom!!! que conjunto! :)
Poesia forte.
Talvez como a mensagem inserida nos olhos dos peixes aprisionados em aquarios de sal :)
E neste mundo há tantos peizes palhaços!
Li o teu comentario e entendi-te do principio ao fim...como não te entender?
Há peixes que esperam que o aquario rebente para se libertarem, outros libertam-se por si mesmos...
Para os primeiros, a factura pode ser demasiado elevada...para os segundos, a coragem é imperiosa...
Sinto-me bem por teres compreendido na perfeição o que escrevi :))
Quantos aos espinho :) não doi retirá-los...doi profundamente, cada vez que algo reabre a ferida...cicatrizante, precisa-se! :)
e tempo, também :))
Votos de uma noite feliz e de uma animada 6ª feira :) para o animo... basta ser &ª feira :)
beijinho
Van
obrigada pela visita aos encantados...
Um bom fim de semana!!
bjs
Olá Isabel:
É isso! Um poema tem o poder de fazer uma revolução!
querida isabel,
agradeço o seu carinho, sei que não tenho retribuído na medida que merece, mas encontro-me numa fase de pausas sucessivas, regressarei em outubro e desde já tudo de bom para si e para a sua poesia
um grande beijinho,
alice
adorei o quadro!
O poema da Luisa Neto Jorge já não faz tanto o meu género.
Mas isso são o gosto de cada um
Boa tarde
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