Começar de novo
Ana (excerto)
Estou sentada no fundo da cama, tenho as pernas entreabertas e o olhar cravado no chão.
Tento segurar a mente com os olhos, como se eles fossem fortes garras e a pudessem prender a este soalho de madeira e não a deixar ir.
Mas não podem.
Ela está a ir.
A ir para onde eu não quero que vá.
A maldita mente, está a afastar-se e para bem longe.
Anda louca, divagando.
Anda louca, confusa.
Louca!
Eu sei onde vai.
Vai a caminho do sítio proibido.
Louca, maldita!
O meu equilíbrio foi posto em causa.
Maldita mente!
Maldita Luísa!
Porque guardou, aquela idiota, o número de casa de minha mãe estes anos todos?
Idiota Luísa, sempre a mesma!
E a minha mãe porque deu o meu número assim sem sequer me perguntar?
Depois de ouvir que era do Hospital e o nome da sua querida Luizinha já não deve ter pensado em mais nada.
Durante muitos anos continuou a perguntar-me por ela.
Perguntou-me vezes sem conta o que se tinha passado entre nós.
Até um dia se ter tornado insuportável ouvir mais aquele nome.
Proibi-a de dizer o nome: Luísa.
- Nunca mais dizes esse nome ou falas nela, mãe, senão nunca mais falo eu contigo!
Foi esta a escolha que obriguei a minha mãe a fazer.
A minha mãe achava a Luizinha um encanto de rapariga.
Atinada, respeitadora, educada e muito, muito sensível.
- Um verdadeiro coração de ouro, aquela rapariga. Dizia a minha mãe.
Mas a filha dela era eu.
A desatinada, a que não respeitava nada nem ninguém, a malcriada e insensível. O coração de pedra.
Paciência.
Azar.
A filha era eu.
E obviamente, perante este facto inalterável, lá escolheu não falar mais na idiota da Luísa.
Ela não falou.
E eu não falei nem pensei mais nela.
Quando desapareci foi para a tirar da minha vida.
Definitivamente.
Matei-a dentro de mim.
E agora isto.
Mata-se ela e vira tudo ao contrário.
Agora que se suicida é que vem aparecer a menina Luizinha novamente na minha vida.
Porque fui ao Hospital?
Porque não a deixei pra lá a morrer sozinha?
Porquê?
Fui a correr.
Eu, o monstro, fui a correr.
Não pensei.
E voltei lá uma segunda vez, não sei que impulso me levou lá de novo.
A mim, o monstro!
Não gosto de impulsos.
Fui fraca.
Ela, a maldita Luísa, foi fraca com a vida.
E eu fui fraca também.
Ela fez-me fraquejar.
A mim, o monstro!
Vi-a.
Olhei para ela.
Tinha os olhos fechados mas eu ainda me lembrava como brilhavam.
Ainda me lembrava de cada olhar que aqueles olhos tinham.
Segurei-lhe a mão.
Ainda me lembrava de cada linha, cada gesto daquela mão.
Malditas memórias!
Não me preocupa o que lhe terá acontecido.
Não quero saber porque se matou.
Não quero saber se conseguiu sobreviver.
Espero, até, que esteja morta, merece por ter aparecido assim e perturbar este equilíbrio que tanto me custou a construir.
Empenhei-me.
Fui forte.
A mais forte.
Fui fria.
Gélida.
Virei costas a tudo sem olhar para trás.
E avancei.
Avancei.
Não parei de andar nem olhei para trás nunca.
Nunca!
Nunca me deixei pensar.
Nunca me deixei lembrar.
Nunca!
Até o telefone tocar.
Até aquela voz desconhecida me dizer que ela estava lá, no hospital, numa cama, sozinha, em coma.
Que ela tinha poucas probabilidades de sobreviver.
Que poucos eram os contactos que tinha na lista do seu telefone.
Que tinha um número que dizia: Ana (única amiga).
Porque não disse que era engano?
Nem estaria a mentir, era mesmo engano.
Eu já não era aquela Ana.
O número já não era meu.
Já não era aquela pessoa que ela ainda considerava amiga.
Única amiga. Eu o monstro!
Tonta!
Não tinha crescido?
Devia continuar como no dia em que lhe voltei as costas.
A mesma tonta a mesma idiota.
Mas eu não continuava a mesma.
Eu mudara.
O mundo já não me fazia mal.
Eu fazia mal ao mundo.
O mundo já não brincava comigo.
Eu brincava com o mundo.
E ela, criaturazinha ridícula, que me chamava de amiga tentara matar-se. Provavelmente porque tudo lhe continuava a tocar naquele coração de mel que tinha no meio do peito, naquele coração que outrora me enchera de mel a mim mas que hoje me mete nojo.
Nojo, Luísa, foi isso que te disse quando falei contigo e te dei a mão naquele sítio horroroso onde foste parar. Disse-te que me metias nojo. Fui lá duas vezes para te dizer isso. Metes-me nojo!
Nem sequer soubeste matar-te com estilo.
Que baixo nível Luísa.
Morrer ali num hospital público, num sítio feio, pobre, rodeada de gentinha medíocre.
Nem pensaste nisso, imagino.
Sempre a mesma.
O teu coração deve ter sucumbido.
Simplesmente deixaste que ele te indicasse o caminho.
Foda-se Luísa, nem para morrer usaste a cabeça em vez do coração.
Podias ter encenado uma morte com estilo.
Mas não!
Podias ter ao menos criado uma morte de que te orgulhasses.
Mas não!
Idiota.
Estou farta de idiotas como tu.
Odeio-te Luísa.
O idiota do meu marido incomoda-me mas odiar odeio-te a ti.
Ódio, sinto-o por ti.
Espero que não tenhas sobrevivido senão vou ter de te matar por teres aparecido de novo na minha vida.
Mato os dois.
A ti e a ele.
Aos dois coraçõezinhos de mel que gostam tanto de mim.
Hão-de morrer por isso.
Tem de morrer por isso.
Eu não quero ser amada.
Não quero que gostem de mim.
Sou infeliz.
Sou um monstro infeliz.
Não quero que me amem e me tentem ridiculamente fazer feliz.
A felicidade não existe.
É uma mentira inventada por uns quantos inteligentes para pôr um mundo de idiotas em sua busca.
Um mundo de idiotas a vida inteira distraídos com uma ilusão, cegos para a verdade, buscando atarefadamente algo que não existe.
Nem dignos de pena são.
Desprezíveis e nojentas baratas tontas.
Ratos estúpidos às voltas num labirinto sem saída, mil vezes passando pelos mesmos sítios sem perceber que a saída não existe, que estão presos para sempre.
Assim anda presa esta gentinha e não percebe.
Presa, destituída de qualquer liberdade, porque a sua busca incessante o seu objectivo final é algo que não existe.
A mentira das mentiras.
A prisão das prisões.
Aquela em que o prisioneiro entra voluntariamente e lá vive a vida inteira sem sequer se aperceber que está preso.
Felicidade!
Felicidade não existe seus cretinos!
Andam à caça de gambozinos, seus idiotas!
O idiota do meu marido acha que encontramos a felicidade juntos.
Hilariante!
A idiota da Luísa, provavelmente achou que nunca a iria encontrar e matou-se.
Não é para rir?
Matou-se por algo que não existe nem existirá nunca.
Estavam bem um para o outro.
Estavam mesmo.
Eram perfeitos um para o outro.
Jamais deixarei isso acontecer.
Se ela está viva, jamais deixarei que se encontrem.
Tenho de por tudo no lugar, imediatamente!
Tenho que conseguir pensar.
Tenho de parar de sentir.
Tenho de conseguir parar de recordar.
As memórias de momentos que se assemelham com essa tal de “felicidade” são perigosas.
Memórias de mim e da Luísa.
Memorias de mim e da Luísa conversando no café mais vazio que encontrássemos. Olhares fixos uma na outra. Atenção total. Entendimento total.
Entre nós apenas duas chávenas de chá fumegantes.
Memórias de mim e da Luísa sempre tomando conta uma da outra, protegendo-nos mutuamente do mundo exterior.
Memórias de mim e da Luísa criando a nossa linguagem. Uma linguagem só nossa que mais ninguém entendia. Que nos isolava. Que nos tornava únicas. Em mim foi crescendo um belo e maldoso mostro. Dela nasceu uma bela e dócil criatura de contos de fadas. Ambas irreais. Ambas estranhas criaturas que o mundo não entendia.
Memórias de mim e da Luísa engendrando as maiores aldrabices para podermos passar fim-de-semana juntas longe de tudo e de todos. Fugir. Ficar sós. Longe, o mais longe possível, era sempre o que mais ansiávamos.
Memórias de mim e da Luísa. As duas lado a lado em frente ao espelho.
Admirando como éramos diferentes. Elogiando as nossas diferenças. Dizendo que nos completávamos. Fazendo promessas de amizade eterna.
Memórias estúpidas.
Memórias que morreram naquele dia.
O dia em que desapareci.
Depois daquela noite.
Depois daquela noite.
Daquela noite tão maldita quanto tu, maldita Luísa.
Onde estão as outras Anas que não me tiram disto?
Onde está o monstro em mim?
Maldita Luísa!
Porque estou a sentir, de novo?
Maldita Luísa, porque voltaste?
Morre Luísa, morre!
Morre Luísa maldita!
Ou vive, abraça-me como antes e diz-me que tudo vai ficar bem!
Não!
Não vou ter saudades tuas!
Estás morta, espero.
Morre Luísa!
Já não sei viver contigo viva.
Matei-te naquela noite.
Naquela noite, lembras-te?
Eu não, eu esqueci.
Estás morta para mim Luísa.
Agora morre para a vida.
Por favor Luísa, morre, não me faças matar-te de novo.
(continua)
Tento segurar a mente com os olhos, como se eles fossem fortes garras e a pudessem prender a este soalho de madeira e não a deixar ir.
Mas não podem.
Ela está a ir.
A ir para onde eu não quero que vá.
A maldita mente, está a afastar-se e para bem longe.
Anda louca, divagando.
Anda louca, confusa.
Louca!
Eu sei onde vai.
Vai a caminho do sítio proibido.
Louca, maldita!
O meu equilíbrio foi posto em causa.
Maldita mente!
Maldita Luísa!
Porque guardou, aquela idiota, o número de casa de minha mãe estes anos todos?
Idiota Luísa, sempre a mesma!
E a minha mãe porque deu o meu número assim sem sequer me perguntar?
Depois de ouvir que era do Hospital e o nome da sua querida Luizinha já não deve ter pensado em mais nada.
Durante muitos anos continuou a perguntar-me por ela.
Perguntou-me vezes sem conta o que se tinha passado entre nós.
Até um dia se ter tornado insuportável ouvir mais aquele nome.
Proibi-a de dizer o nome: Luísa.
- Nunca mais dizes esse nome ou falas nela, mãe, senão nunca mais falo eu contigo!
Foi esta a escolha que obriguei a minha mãe a fazer.
A minha mãe achava a Luizinha um encanto de rapariga.
Atinada, respeitadora, educada e muito, muito sensível.
- Um verdadeiro coração de ouro, aquela rapariga. Dizia a minha mãe.
Mas a filha dela era eu.
A desatinada, a que não respeitava nada nem ninguém, a malcriada e insensível. O coração de pedra.
Paciência.
Azar.
A filha era eu.
E obviamente, perante este facto inalterável, lá escolheu não falar mais na idiota da Luísa.
Ela não falou.
E eu não falei nem pensei mais nela.
Quando desapareci foi para a tirar da minha vida.
Definitivamente.
Matei-a dentro de mim.
E agora isto.
Mata-se ela e vira tudo ao contrário.
Agora que se suicida é que vem aparecer a menina Luizinha novamente na minha vida.
Porque fui ao Hospital?
Porque não a deixei pra lá a morrer sozinha?
Porquê?
Fui a correr.
Eu, o monstro, fui a correr.
Não pensei.
E voltei lá uma segunda vez, não sei que impulso me levou lá de novo.
A mim, o monstro!
Não gosto de impulsos.
Fui fraca.
Ela, a maldita Luísa, foi fraca com a vida.
E eu fui fraca também.
Ela fez-me fraquejar.
A mim, o monstro!
Vi-a.
Olhei para ela.
Tinha os olhos fechados mas eu ainda me lembrava como brilhavam.
Ainda me lembrava de cada olhar que aqueles olhos tinham.
Segurei-lhe a mão.
Ainda me lembrava de cada linha, cada gesto daquela mão.
Malditas memórias!
Não me preocupa o que lhe terá acontecido.
Não quero saber porque se matou.
Não quero saber se conseguiu sobreviver.
Espero, até, que esteja morta, merece por ter aparecido assim e perturbar este equilíbrio que tanto me custou a construir.
Empenhei-me.
Fui forte.
A mais forte.
Fui fria.
Gélida.
Virei costas a tudo sem olhar para trás.
E avancei.
Avancei.
Não parei de andar nem olhei para trás nunca.
Nunca!
Nunca me deixei pensar.
Nunca me deixei lembrar.
Nunca!
Até o telefone tocar.
Até aquela voz desconhecida me dizer que ela estava lá, no hospital, numa cama, sozinha, em coma.
Que ela tinha poucas probabilidades de sobreviver.
Que poucos eram os contactos que tinha na lista do seu telefone.
Que tinha um número que dizia: Ana (única amiga).
Porque não disse que era engano?
Nem estaria a mentir, era mesmo engano.
Eu já não era aquela Ana.
O número já não era meu.
Já não era aquela pessoa que ela ainda considerava amiga.
Única amiga. Eu o monstro!
Tonta!
Não tinha crescido?
Devia continuar como no dia em que lhe voltei as costas.
A mesma tonta a mesma idiota.
Mas eu não continuava a mesma.
Eu mudara.
O mundo já não me fazia mal.
Eu fazia mal ao mundo.
O mundo já não brincava comigo.
Eu brincava com o mundo.
E ela, criaturazinha ridícula, que me chamava de amiga tentara matar-se. Provavelmente porque tudo lhe continuava a tocar naquele coração de mel que tinha no meio do peito, naquele coração que outrora me enchera de mel a mim mas que hoje me mete nojo.
Nojo, Luísa, foi isso que te disse quando falei contigo e te dei a mão naquele sítio horroroso onde foste parar. Disse-te que me metias nojo. Fui lá duas vezes para te dizer isso. Metes-me nojo!
Nem sequer soubeste matar-te com estilo.
Que baixo nível Luísa.
Morrer ali num hospital público, num sítio feio, pobre, rodeada de gentinha medíocre.
Nem pensaste nisso, imagino.
Sempre a mesma.
O teu coração deve ter sucumbido.
Simplesmente deixaste que ele te indicasse o caminho.
Foda-se Luísa, nem para morrer usaste a cabeça em vez do coração.
Podias ter encenado uma morte com estilo.
Mas não!
Podias ter ao menos criado uma morte de que te orgulhasses.
Mas não!
Idiota.
Estou farta de idiotas como tu.
Odeio-te Luísa.
O idiota do meu marido incomoda-me mas odiar odeio-te a ti.
Ódio, sinto-o por ti.
Espero que não tenhas sobrevivido senão vou ter de te matar por teres aparecido de novo na minha vida.
Mato os dois.
A ti e a ele.
Aos dois coraçõezinhos de mel que gostam tanto de mim.
Hão-de morrer por isso.
Tem de morrer por isso.
Eu não quero ser amada.
Não quero que gostem de mim.
Sou infeliz.
Sou um monstro infeliz.
Não quero que me amem e me tentem ridiculamente fazer feliz.
A felicidade não existe.
É uma mentira inventada por uns quantos inteligentes para pôr um mundo de idiotas em sua busca.
Um mundo de idiotas a vida inteira distraídos com uma ilusão, cegos para a verdade, buscando atarefadamente algo que não existe.
Nem dignos de pena são.
Desprezíveis e nojentas baratas tontas.
Ratos estúpidos às voltas num labirinto sem saída, mil vezes passando pelos mesmos sítios sem perceber que a saída não existe, que estão presos para sempre.
Assim anda presa esta gentinha e não percebe.
Presa, destituída de qualquer liberdade, porque a sua busca incessante o seu objectivo final é algo que não existe.
A mentira das mentiras.
A prisão das prisões.
Aquela em que o prisioneiro entra voluntariamente e lá vive a vida inteira sem sequer se aperceber que está preso.
Felicidade!
Felicidade não existe seus cretinos!
Andam à caça de gambozinos, seus idiotas!
O idiota do meu marido acha que encontramos a felicidade juntos.
Hilariante!
A idiota da Luísa, provavelmente achou que nunca a iria encontrar e matou-se.
Não é para rir?
Matou-se por algo que não existe nem existirá nunca.
Estavam bem um para o outro.
Estavam mesmo.
Eram perfeitos um para o outro.
Jamais deixarei isso acontecer.
Se ela está viva, jamais deixarei que se encontrem.
Tenho de por tudo no lugar, imediatamente!
Tenho que conseguir pensar.
Tenho de parar de sentir.
Tenho de conseguir parar de recordar.
As memórias de momentos que se assemelham com essa tal de “felicidade” são perigosas.
Memórias de mim e da Luísa.
Memorias de mim e da Luísa conversando no café mais vazio que encontrássemos. Olhares fixos uma na outra. Atenção total. Entendimento total.
Entre nós apenas duas chávenas de chá fumegantes.
Memórias de mim e da Luísa sempre tomando conta uma da outra, protegendo-nos mutuamente do mundo exterior.
Memórias de mim e da Luísa criando a nossa linguagem. Uma linguagem só nossa que mais ninguém entendia. Que nos isolava. Que nos tornava únicas. Em mim foi crescendo um belo e maldoso mostro. Dela nasceu uma bela e dócil criatura de contos de fadas. Ambas irreais. Ambas estranhas criaturas que o mundo não entendia.
Memórias de mim e da Luísa engendrando as maiores aldrabices para podermos passar fim-de-semana juntas longe de tudo e de todos. Fugir. Ficar sós. Longe, o mais longe possível, era sempre o que mais ansiávamos.
Memórias de mim e da Luísa. As duas lado a lado em frente ao espelho.
Admirando como éramos diferentes. Elogiando as nossas diferenças. Dizendo que nos completávamos. Fazendo promessas de amizade eterna.
Memórias estúpidas.
Memórias que morreram naquele dia.
O dia em que desapareci.
Depois daquela noite.
Depois daquela noite.
Daquela noite tão maldita quanto tu, maldita Luísa.
Onde estão as outras Anas que não me tiram disto?
Onde está o monstro em mim?
Maldita Luísa!
Porque estou a sentir, de novo?
Maldita Luísa, porque voltaste?
Morre Luísa, morre!
Morre Luísa maldita!
Ou vive, abraça-me como antes e diz-me que tudo vai ficar bem!
Não!
Não vou ter saudades tuas!
Estás morta, espero.
Morre Luísa!
Já não sei viver contigo viva.
Matei-te naquela noite.
Naquela noite, lembras-te?
Eu não, eu esqueci.
Estás morta para mim Luísa.
Agora morre para a vida.
Por favor Luísa, morre, não me faças matar-te de novo.
(continua)
Isabel
44 Comments:
Ó Isabel! Este texto é um sonho. Ou melhor; uma realidade sonhada. A dose de enternecimento, ódio e amor que ele contém, é uma loucura. Só os bons loucos estarão ao alcance de desenvolver um trabalho tão brilhante.
És uma grande escritora, sonhadora e MULHER.
Obrigado.
Como amor/amizade/ódio nos levam aos extremos da alma! A tua escrita dói porque sempre tropeçamos em nós. Em algum momento da vida tivemos amor amizade cumplicidade. E ficamos num sufoco quando a areia movediça se mexeu debaixo dos nossos pés. E sentamo-nos a chorar, pena e raiva. Ainda bem que o escreves!Beijinho
Forte.
Mas prazeroso de se ler.
Gostei muito, enfim.
Prometo que retorno.
Um abraço.
Um ano feliz a cada recomeço...!
Beijinho, Isabel!
Até sempre!
Valeu esperar quase um mês para ler este teu texto.
É muito intenso, parece parte de mim...
Um beijo
Boa noite Isabel.
Quando estiveres com a Ana, transmite-lhe que eu já desejei ver tudo lá fora ardendo. Edifícios, pessoas, animais, vegetais, tudo. Diz-lhe também que é quando sou realmente eu, que repito a palavra “foda-se” vezes sem conta.
É curioso não é? A tendência que temos para a ironia quando nos sentimos a mais dentro daquilo que supostamente é pretendido representar.
Pois é… a vida traduz-se em momentos e esta é a afirmação mais simples que consigo. Felicidade ou fatalidade, não passam de meros momentos distintos, assim como a euforia, raiva, melancolia, ódio, paixão, que por acaso rima com tesão.
Diz à Ana que me originou também o riso aqui e ali, através de tamanho esgaçar verbal.
Isabel, sabes o que consegues com o que escreves, não sabes? O desafiar da consciência pertence aos reis… capricho dos deuses, se preferirmos.
Eu por exemplo, não choro, não posso. Não tenho água nessa emoção, mas creio nas lágrimas centúrias que terei e… desejo que essas também chorem.
Obrigado Isabel.
Oh, minha Amiga! Este texto deixou-me literalmnete sem fôlego. Que bom que voltaste à escrita e de uma maneira mais intensa mais forte do que nunca. Quando é que terei o prazer de ler este teu trabalho em livro? Serei dos prineiros a correr às livrarias, podes crer.
Obrigado por este texto e obrigado pela visita que me fizeste e pelas palavras que deixaste
Um abraço
Olá
Nasceu um novo sorriso em 2007, pois podemos estar longe mas o mundo torna-se pequeno quando te sinto por perto.
Obrigada
Beijinhos
Conceição Bernardino
Olá Isabel!
Ainda bem que voltaste! Que falta me tens feito! E já nos premiaste com mais um magnífico, sentido, apaixonado e extasiante texto, possuidor de um fabulosa intensidade dramática.
Bjs. Bom ano!
Sempre eles. Os sentimentos que se matam e dão as mãos nas tuas linhas.
Um grande beijinho e um feliz 2007.
:)
POIS É ISABEL
HÁ MESMO QUEM NAO GOSTE DOS MEUS CIRCULOS.
MANIAS...
Tu escreves e remexes toda a lama que arrastamos connosco. Aqui ou ali somos nós, e as tuas palavras são uma espécie de catarse para ti e para quem te lê, certamente.
Gostei muito. **
Diria que a tua escrita nos confronta com as nossas antiteses.
Excelente.
Beijo,Isabel
Saudações
Obrigado pela visita.
Escreves muito, muito bem. Gostei bastante!
Parabéns.
Voltarei
Abraços
Paz e prosperidade!
Tu és um monstro!...de sentimentos, uma maravilhosa criatura mergulhada em contradições...diz-me uma coisa, porque é que as pessoas que te rodeiam insistem em não querer ver as coisa bonitas que tens aí dentro...
Doce beijo
Isabel, que excelente regresso!
E conseguiste fazer uma coisa só ao alcance dos grandes talentos literários: dentro de uma prosa conseguiste fazer vários poemas!
Fantástico. Já li 2 ou 3 vezes mas vou precisar de ler mais algumas. Aliás, os teus textos têm esse mérito: dá vontade de ler mais do que uma vez porque encontramos sempre algo mais à segunda ou à terceira passagem. Continua: escreves muito bem!
Beijinhos, e bom regresso!
Leio-te de um só fôlego e fico a respirar mais depressa.
Demoraste, mas valeu a pena a espera.
Parabéns, escreves com alma.
Um regresso e tanto...A Ana...Esta personagem perturba-me...Isso é bom...Ainda bem que voltaste, tinha saudades tuas, das tuas palavras, da tua escrita.
Até sempre amiga!
Olá!
Sim, Isabel! Sempre venho lê e relê quando fica distante daqui.
Cada recanto teu é lido com prazer!
Abraços!
Até sempre e que seja breve!
...espero por te poder ler mais Isabel.sempre atenta e doce.
Um Novo Ano imenso em alegrias.
Beijos e abraços.
ana
A misturaa de sentimentos que envolvem o que escreves trazem-nos à mwemória a realidade que por vezes passa por nós...
Lndo! Gostei
Passei por aqui e voltarei de novo à espera de mais. Parece-me que a Luísa ainda não morreu...
Bem...tenho de cá vir com mais tempo...por agora agradeço a tua visita à taskinha.
bj
E assim retomas a escrita presenteando-nos com um texto que soletra as palavras inquietantes, criando uma tela de imagens que se amalgamam e eclodem de forma pujante.
Um beijo Isabel :)
Escorre-te a vida pelas mãos.
Continua, pois.
Extraordinário.
Imaginação
Vocabulário
Construção
Está impecável...
Eu quase me deitaria a adivinhar que a Luisa e a Ana são a mesma pessoa ;-)
Bjos daqui e feliz 2007.
Tudo de bom para ti.
Eugénio
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
olá isabel
antes, agradeço a tua visita.
Hoje apanhaste-me num dia em que me apetece chamar malditos a todos aqueles que perturbam a minha paz de espirito. malditos! Que morram longe de mim! Que definhem com as suas consciencias mesquinhas e cobardes! Que morram prisioneiros de si próprios. Que chorem de medo, de tristeza de arrependimento, de paixão... sim, também sou assim... mas infeliz ou felizmente acabo sempre por perdoar.
É apenas um devaneio Isabel... fez-me muito bem ler este teu maravilhoso texto.. voltarei mais vezes
beijo
O teu texto está carregado de sentimentos, o que o torna belo!
Amor, paixão, ódio... Gostei muito!
Beijinhos e um ano de 2007 muito feliz!
Ufff!!!!
Transportaste-me uns anos atrás no tempo com um sorriso. Que monstro bonito que eu era :-D Sempre a dinamitar-se a si próprio para que os outros não explodissem. Que galante, não é? :-)
É verdade que continuo tonto e desprezivel (e que continuo a meter nojo também! :-D) mas o monstro de hoje ou o monstro de antigamente são o mesmo, com diferentes orientações, hm?
O que importa é o caminho, não o destino... e olha que um texto como este fica-nos no caminho, e de caminho, para onde quer que se vá!
Obrigado! Continua a soltar o Hulk que há em ti e a gastar com isso uma fortuna em camisas :-)
Continuarei, de dilema em dilema a ler-te.
bem... mesmo empolgante a história! tudo flui!
parabéns!
beijinhos
Isabel!
È adorável a forma como escreves, a melodia que brota das tuas palavras! Continua, continua!!!
Se puderes vai ao meu blog, tenho lá uma coisita que fiz, na sequència da minha primeira visita aqui ao teu cantinho!
Tudo de bom!
E muita força para ti!!!
beijinhos!!!
:))
Há momentos assim, em que detestamos tudo o que nos rodeia. Uma história sentida...
Obrigado pela visita e pelas palavras deixadas no meu Space, será sempre bem vinda :)
Bom fim de semana!
Isabel,
como escrita e leitura andam de mãos dadas desta vez ponho uma questão no meu blog que gostava que respondesses tb: quem achas que lê mais em Portugal, os homens ou as mulheres? Está aberta a participação...
Beijinhos!!!!
... também tinha saudades de te ler e ainda bem que regressaste.
É assim que se retratam os sentimentos: como tu os descreves. Qual peça dramática que se ouve de um fôlego, que se aplaude e se pede continuação.
Até ao próximo acto.
beijos e óptimo resto de domingo!
Tu escreves maravilhosa bem.ja te tinha dito.
"No meu caso sou naturalmente solitária e tenho já em mim de personalidade uma tendência para me isolar mesmo estando lá.
Estou mas não estou.
Evado-me.
Não sei se acredito na felicidade.
Acredito em momentos de felicidade... acredito numa sensação geral de felicidade mas felicidade em sentido absoluto não acredito.
Ou melhor não acredito em pessoas como eu às quais o mundo toca.
Como posso eu sentir-me feliz num sentido absoluto e passar por alguem que dorme na rua ao frio tapado com cartões?
Eu não posso!"
Sabes acho que somos gémeas.
um abraço muito apertadinho de quem sabe e entende a mesma linguagem.
ler-te é como viajar
**
querida isabel. antes de mais, agradeço a tua última visita. foi bom receber notícias tuas depois de um período de ausência. já vim aqui várias vezes para agradecer e comentar, mas tem sido difícil, a net tem funcionado mal e sobretudo é importante para mim não ser mais uma presença assídua no teu blog, isso não é relevante, gosto de te ler e tentar ser útil, usar esta caixinha não como um depósito de beijinhos, mas antes como uma tela onde posso pintar o que sinto com palavras, e fazer um quadro que possas apreciar e talvez sorrir. o teu regresso foi óptimo, espero que continues. sinceramente. um grande beijinho. e bom ano. alice.
De Isabel para Isabel ! Gostei muito do teu comentário e ... foi bom recordar a canção que fui lendo e trauteando ...
Abraço
Parabéns, foi a primeira vez que entrei neste cantinho e logo tinha que vir dar com este texto... tocou-me, vi-me nele em algumas situações....
Voltarei de certeza.
Obrigada por esta partilha
Uma foto minha num texto brutalmente belo... a sombra sou eu tb... Coloco a minha galeria á sua disposição...
Abraço e keep it up...
Voltei a este texto porque foi/é o que mais me marcou...
Abraço enorme para ti **
Daqueles mesmo MESMO grandes
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