Solidão
(Solitária, louca, apaixonada. Assim vivo assim sou. Está na minha natureza!)
Naturalmente só
Com muita frequência sinto a sensação de estar só estando rodeada de gente.
Todos já a sentimos.
Eu sinto-a desde muito miúda e tem-me acompanhado ao longo da minha história.
De início era muito doloroso. Quando se é criança é duro este face a face com a solidão.
Com o tempo a dor não diminuiu mas a ela veio juntar-se um estranho conforto que durante muito tempo não soube identificar.
Hoje sei.
Sentindo e pensando nessa sensação veio-me à memória uma história que desde que ouvi pela primeira vez relembro como explicação para tantos dos factos da vida.
Certo dia um crocodilo aproximava-se a passo lento de um rio com intenção de o atravessar, quando um escorpião o chamou: crocodilo, podes fazer-me um favor?
Pediu o escorpião.
"Que favor ?" Perguntou o crocodilo desconfiado.
"Leva-me em cima de ti para atravessar o rio, que como sabes eu não sei nadar."
Pediu mansinho o escorpião.
"Estás louco, oh escorpião! Eu não sou parvo sei bem que és venenoso. Ias picar-me e matar-me com o teu veneno." Gritou enfurecido o crocodilo.
"Nem pensar, juro que não o faço, parvo seria eu se o fizesse, eu não sei nadar se tu morresses eu afundava-me e morria também. Argumentou prontamente o escorpião.
O crocodilo pensou e o argumento do escorpião fez-lhe todo o sentido. Prontificou-se a ajudar o escorpião a atravessar o rio levando-o no seu dorso.
A meio da travessia sentiu uma forte picada na pele. Incrédulo e assustado sabendo que ia morrer, perguntou ao escorpião: porque fizeste isto se sabes que vais morrer também?
O escorpião respondeu, não pude evitar está na minha natureza.
Nesta história reside a explicação para a tal estranha sensação de conforto que se mistura com a dor quando no meio da gente, até dos amigos, me sinto só. O conforto da solidão é como uma manta velha que temos desde bebés, aquece-nos o corpo e a alma com o seu cheiro familiar. O mais familiar dos cheiros. O nosso próprio cheiro. Este estranho conforto só alguns de nós o sentem. Os que tem a solidão na sua natureza.
Não se pode lutar contra a natureza.
Ela e assim porque é.
Podemos matar.
Podemos morrer. Como na história do escorpião e do crocodilo.
Ou como eu podemos podemos buscar a solidão porque ela está na nossa natureza.
Por nos acompanhar desde sempre.
Ser unha com carne connosco.
Eu sou assim, unha com carne com a solidão.
Todos já a sentimos.
Eu sinto-a desde muito miúda e tem-me acompanhado ao longo da minha história.
De início era muito doloroso. Quando se é criança é duro este face a face com a solidão.
Com o tempo a dor não diminuiu mas a ela veio juntar-se um estranho conforto que durante muito tempo não soube identificar.
Hoje sei.
Sentindo e pensando nessa sensação veio-me à memória uma história que desde que ouvi pela primeira vez relembro como explicação para tantos dos factos da vida.
Certo dia um crocodilo aproximava-se a passo lento de um rio com intenção de o atravessar, quando um escorpião o chamou: crocodilo, podes fazer-me um favor?
Pediu o escorpião.
"Que favor ?" Perguntou o crocodilo desconfiado.
"Leva-me em cima de ti para atravessar o rio, que como sabes eu não sei nadar."
Pediu mansinho o escorpião.
"Estás louco, oh escorpião! Eu não sou parvo sei bem que és venenoso. Ias picar-me e matar-me com o teu veneno." Gritou enfurecido o crocodilo.
"Nem pensar, juro que não o faço, parvo seria eu se o fizesse, eu não sei nadar se tu morresses eu afundava-me e morria também. Argumentou prontamente o escorpião.
O crocodilo pensou e o argumento do escorpião fez-lhe todo o sentido. Prontificou-se a ajudar o escorpião a atravessar o rio levando-o no seu dorso.
A meio da travessia sentiu uma forte picada na pele. Incrédulo e assustado sabendo que ia morrer, perguntou ao escorpião: porque fizeste isto se sabes que vais morrer também?
O escorpião respondeu, não pude evitar está na minha natureza.
Nesta história reside a explicação para a tal estranha sensação de conforto que se mistura com a dor quando no meio da gente, até dos amigos, me sinto só. O conforto da solidão é como uma manta velha que temos desde bebés, aquece-nos o corpo e a alma com o seu cheiro familiar. O mais familiar dos cheiros. O nosso próprio cheiro. Este estranho conforto só alguns de nós o sentem. Os que tem a solidão na sua natureza.
Não se pode lutar contra a natureza.
Ela e assim porque é.
Podemos matar.
Podemos morrer. Como na história do escorpião e do crocodilo.
Ou como eu podemos podemos buscar a solidão porque ela está na nossa natureza.
Por nos acompanhar desde sempre.
Ser unha com carne connosco.
Eu sou assim, unha com carne com a solidão.
É mais que amiga é familia para mim. É sangue do meu sangue.
Por maior que seja a dor que me provoca, sentir-me-ei sempre quente e confortável enroscada nessa manta velha que desde sempre me acompanhou. Que tem o cheiro do leite de minha mãe, o cheiro do colo do meu pai, o cheiro das papas, o cheiro da saudade de quem já não está, o cheiro dos livros que li, o cheiro de todos os meus perfumes, o cheiro amante do meu amor, o cheiro da próximidade da morte que já senti, o cheiro de todas as alegrias vividas, de todos os momentos solitários, o cheiro da minha história. Todos juntos, este cheiros, na minha antiga manta tornam-a a mais quente e mais confortável das mantas. A única que cheira a mim.
A solidão está na minha natureza.
Por mais que doa trar-me-á sempre calor e conforto. É familiar.
Quando estou só estou acompanhada de mim. Quando estou só estou companhada do que sou, enroscada na manta da minha história.
Enquanto estiver acompanhada de mim não estarei só nunca.
Penosa e confortável é a solidão que encontro entre as gentes.
Penosa e estranhamente confortável é esta minha natureza.
Isabel
Por maior que seja a dor que me provoca, sentir-me-ei sempre quente e confortável enroscada nessa manta velha que desde sempre me acompanhou. Que tem o cheiro do leite de minha mãe, o cheiro do colo do meu pai, o cheiro das papas, o cheiro da saudade de quem já não está, o cheiro dos livros que li, o cheiro de todos os meus perfumes, o cheiro amante do meu amor, o cheiro da próximidade da morte que já senti, o cheiro de todas as alegrias vividas, de todos os momentos solitários, o cheiro da minha história. Todos juntos, este cheiros, na minha antiga manta tornam-a a mais quente e mais confortável das mantas. A única que cheira a mim.
A solidão está na minha natureza.
Por mais que doa trar-me-á sempre calor e conforto. É familiar.
Quando estou só estou acompanhada de mim. Quando estou só estou companhada do que sou, enroscada na manta da minha história.
Enquanto estiver acompanhada de mim não estarei só nunca.
Penosa e confortável é a solidão que encontro entre as gentes.
Penosa e estranhamente confortável é esta minha natureza.
Isabel
Edward Raymes
14 Comments:
Um grito mudo interior... um que apenas tu consegues ouvir e mesmo sem o entender imediatamente, deslumbras-te com os enigmáticos recantos da tua auto-descoberta.
Elabora a precisão da divindade.
Elevas-te.
...e ainda bem que assim é.
Tu... és apenas o tudo que és.
Lindo, Isabel, lindo...
Que palavras cheias de sentires estas...divinal.
Desejo-te uma boa semana.
Um bj sentido
A solidão, essa eterna dor de quem não se sente bem consigo.
Bjos
Não axo que seja penosa,a solidão interior pode e deve ser uma coisa nossa mas boa, e tenho a certeza que a tua é. Boa semana.
Solidão.
uso e abuso.
Mas não me sinto ainda confortada por ela. Sentirei alguma vez? Talvez a solidão não esteja na minha natureza.
Beijo
Van
E vão 2.sabes queixo me muito de solidão mas esta não deixa de ser uma opção consciente..não sei viver sem ela...ie, não sei viver acompanhada...
bjinhos
Pois, na solidão tantas vezes... o reencontro com a vida...
Adorei ler-te! ;)
Olá Isabel:
Compreendo e partilho. Para mim a solidão sempre foi um estado de espírito. Aprendi desde nova a lidar com ela, houve uma altura em que foi quase insuportável lidar comigo mesma. Cabe-nos encontrar sempre uma força específica...para um momento específico...
Bjs e obrigada pela partilha magnífica!
Solidão...oh eu conheço-a bem.
Mas ainda luto contra ela...muito.Apesar que, confesso que começo a encontrar nesta alguma comodidade confortável.
Beijoca
passei no teu cantinho,parei e adorei...
beijo vagabundo
Embora possas pensar que não , entendo perfeitamente este teu post.
A solidão ... a companhia que não procuramos , mas que nos encontra.
Beijito.
Esmagador é o que me ocorre dizer...adoro a tua forma de escrever, és diferente sente-se...!
Doce beijo
oi isabel não sei estar só, contudo todos nós necessitamos do nosso espaço, de ar.
e a arvore adorei.
:)
[o m/blog vai mudar de sitio, eu aviso depois]
bfsemana
bjs
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